Na última quinta-feira, dia 18 de julho, o correu a reunião da coordenação nacional da campanha do plebiscito sobre a ALCA. Representantes das coordenações estaduais de São Paulo e Santa Catarina, sindicatos e entidades nacionais como a CUT, a UNE, a Federação Democrática e Combativa dos Metalúrgicos da CUT, a ANDES, as Pastorais Sociais, a Auditoria Cidadã da Dívida, a Marcha Mundial de Mulheres, o PT, o PCdoB, o PSTU, o MST e a Consulta Popular.

Esta reunião teve como a grande polêmica a rediscussão sobre o conteúdo, a forma e a quantidade das perguntas do plebiscito sobre a ALCA. Desde a plenária nacional da campanha, ocorrida nos dias 03 e 04 de junho, que definiu as perguntas para a cédula do plebiscito abriu-se um debate público sobre o seu caráter.

Esse debate não se tratava somente de um problema de forma, mas de conteúdo e está cruzado com a possibilidade da vitória de Lula nas eleições presidenciais. Eleito presidente, Lula teria que negociar a entrada do Brasil na ALCA em “melhores” condições. Para isso, é de fundamental importância ganhar a confiança do imperialismo e não provoca-lo com um plebiscito que se traduz como uma proposta de ruptura dos pilares dos planos neoliberais.

O Debate na Coordenação Nacional

Na reunião formaram-se claramente dois campos opostos na polêmica. De um lado, PT, PCdoB, CUT e UNE pela mudança do conteúdo das perguntas. Do outro, MST, Consulta Popular, Pastorais Sociais, Jubileu Sul, Auditoria Cidadã da Dívida e o PSTU, pela manutenção das perguntas aprovadas na plenária nacional.

A executiva do PT foi representada na reunião por Marlene Rocha, da Articulação de Esquerda, que propôs a retirada da terceira pergunta – sobre a base de Alcântara –e a modificação da segunda – sobre a saída do governo brasileiro das negociações. Esta mesma posição foi defendida pelo PCdoB, representado por Vital Nolasco, pela direção majoritária da CUT, representada por Sandra Cabral, e pela direção majoritária da UNE, representada por Geraldo Vilar.

As Pastorais Sociais e o Jubileu Sul tomaram a palavra e defenderam as resoluções da Plenária. Em sua fala, Padre Alfredinho, representante das Pastorais, enfatizou que a campanha contra a ALCA está superando todas as expectativas de mobilização, que as perguntas aprovadas pela plenária já tinham sido divulgadas amplamente e que, portanto, era contra a exclusão de Alcântara ou qualquer mudança no conteúdo na questão sobre a saída das negociações. Por fim, frisou que uma mudança de conteúdo no caráter e eixos das perguntas ao invés de conduzir a um consenso possível, capaz de fazer avançar a unidade da campanha, poderia ter como conseqüência a confusão e o retrocesso. Padre Alfredinho foi seguido pelo restante da reunião.

Rosilene, da secretaria da Coordenação Nacional, apresentou à reunião um relatório onde a maioria das coordenações estaduais e uma série de sindicatos e entidades estudantis haviam se pronunciado em favor das resoluções da Plenária Nacional e contra qualquer mudança de conteúdo das perguntas. Assim, depois de um duro debate foi aprovada a manutenção das perguntas tal como havia sido definido anteriormente.

Os representantes do PT, PCdoB, CUT e UNE disseram depois de aprovada a manutenção das perguntas que “estão na campanha, mas não no plebiscito”; que não vão atacar publicamente o plebiscito; que são contra a ALCA, mas que a aprovação daquelas perguntas dificultava sua adesão ao plebiscito.

Milhões de votos contra a ALCA e a entrega de Alcântara

Este resultado da coordenação nacional foi uma grande vitória da campanha, mas o plebiscito não está garantido. Existe uma enorme quantidade de ativistas envolvidos que podem garantir que milhões votem no plebiscito, caso tenha materiais de campanha e organização. È preciso exigir do PT e da CUT, do PCdoB e da UNE que garantam apoio político e material para a campanha que tem como um importante momento para a sua afirmação o próprio plebiscito. É preciso votar nas diretorias dos sindicatos e entidades estudantis o apoio ao plebiscito, tanto político quanto material.

Os militantes do PSTU continuarão defendendo a campanha contra a ALCA e o plebiscito como uma de suas atividades prioritárias nos movimentos sociais e colocará a sua campanha eleitoral a serviço da luta contra a ALCA, o FMI e o imperialismo norte-americano para que juntos consigamos angariar milhões de votos e dizer novamente três vezes não: não à ALCA, não às negociações com o imperialismo, não à entrega da base de Alcântara.

As perguntas do Plebiscito ratificadas pela Coordenação Nacional

PLEBISCITO NACIONAL SOBRE A ALCA

1. O governo brasileiro deve assinar o tratado da ALCA?

( ) Sim ( )Não

2. O governo brasileiro deve continuar participando das negociações da ALCA?

( ) Sim ( ) Não

3. O governo brasileiro deve entregar uma parte de nosso território – a Base de Alcântara – para controle militar dos EUA?

( ) Sim ( )Não


Post author Euclides de Agrela, da redação
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