Manter as mobilizações dos trabalhadores e da juventude para derrotar as reformas neoliberais e a política econômica do governo: essa foi uma das principais discussões da reunião da Coordenação Nacional da Conlutas, realizada nos dias 5 e 6 de junho, em São Paulo.

No primeiro dia, 106 pessoas se inscreveram para participar da reunião. Estavam representados 42 sindicatos, 9 oposições e 7 entidades de movimentos sociais.

Demonstrando a grande importância que os movimentos sociais e populares têm em sua construção, a Coordenação Nacional de Lutas dedicou um dos dois dias da reunião apenas para este tema. A mesa da reunião foi composta por representantes de movimentos populares que compõem a Conlutas, como o MUST (Movimento Urbano dos Sem-Teto), da ocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade), e o MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), que está discutindo sua integração à Coordenação.

No segundo dia, os participantes discutiram a nova conjuntura política do país e fizeram o balanço da jornada de lutas do dia 23 de maio.

A maioria das intervenções destacou que se abriu um novo cenário no país, favorável à luta dos trabalhadores. A aparente calmaria no início do segundo mandato do governo Lula dá lugar, hoje, ao começo da retomada das lutas do movimento de massas.

Entretanto, de acordo com as intervenções dos participantes, o ponto alto desta retomada das lutas foram os protestos do dia 23. “O movimento de massas saiu fortalecido do dia 23. A mobilização reuniu algo em torno de 1,5 milhão de pessoas do movimento estudantil, popular e sindical. Foi a maior mobilização dos últimos anos que combinou a luta por reivindicações especificas com a luta mais geral contra as reformas”, destacou, José Maria de Almeida, o Zé Maria, da Coordenação Nacional da Conlutas.

Muitos lembraram também que a retomada da iniciativa dos trabalhadores ocorre em meio a uma nova crise política do governo, desatada por mais um escândalo de corrupção. “O novo escândalo atingiu em cheio o presidente do Senado, um amigo de Lula e seu irmão. O que o Lula vai dizer? Vai falar de novo de que ‘não sabia de nada ?´”, indagou Zé Maria ao Opinião Socialista.

A reunião também marcou o próximo Congresso da Conlutas, que será realizado em Sumaré (SP), nos dias 22 a e 25 de maio de 2008.

Plano de Lutas
A reunião reafirmou um plano de lutas contra as reformas e destacou a importância de seguir com a luta unitária definida pelo Fórum Nacional de Mobilizações. Por isso, foi definido que a Conlutas vai apoiar e participar de todas as lutas e greves que estão em curso pelo país, destacando-se a greve das universidades paulistas, a ocupação da reitoria da USP e a greve dos operários da CSN, em Volta Redonda (RJ). Da mesma forma, a entidade vai trabalhar em cada estado pela unificação das campanhas salariais do segundo semestre.

A reunião também reafirmou sua participação no plebiscito popular sobre a privatização fraudulenta da Companhia Vale do Rio Doce, que será realizado na primeira semana de setembro. Entretanto, a Conlutas vai procurar articular junto aos organizadores do plebiscito a inserção de duas perguntas sobre a política econômica do governo e a reforma da Previdência.

O mais importante, porém, é que a reunião reafirmou um calendário de lutas para o próximo período, destacando algumas ações mais urgentes, como a realização de um ato em Brasília, no dia 14 de junho, com o MST, mas também envolvendo o funcionalismo federal e o movimento estudantil.

Também ficou definida a realização de um ato no Rio de Janeiro, em julho, durante os jogos Pan-americanos. O ponto alto do calendário será a realização de uma grande marcha nacional contra as reformas neoliberais em Brasília no mês de outubro.

Chamado à unidade
Um dos temas mais importantes debatidos na reunião foi a necessidade de avançar na construção de uma alternativa unitária de luta para os trabalhadores. O principal pólo de aglutinação de forças para a construção desta alternativa é a Conlutas, sem dúvida alguma, na avaliação que resultou da reunião da Coordenação Nacional.

No entanto, dada a importância de unir as forças da esquerda para a luta dos trabalhadores, a Coordenação Nacional aprovou também o chamado a que se somem à construção dessa alternativa todos os setores da esquerda do movimento sindical e popular do país, em particular a Intersindical. Aprovou, inclusive, a hipótese de essa unidade vir a gerar uma nova organização, que some as forças da Conlutas, da Intersindical e de outros setores.

Se esta for a única forma de se garantir a unidade, a Coordenação Nacional levará ao Congresso da Conlutas a proposta de que ele aprove a fusão com as demais organizações, preservando, obviamente, o conteúdo político do projeto que está sendo construído pela Conlutas.

Este chamado é apoiado no sentimento unitário forjado nas jornadas de lutas definidas após o Encontro Nacional Contra as Reformas, do dia 25 de março.