A resposta dos trabalhadores ao chamado à luta no dia 23 de maio é indicativo claro de que se inicia uma nova conjuntura política no país, e uma retomada das lutas de massas. Este processo ainda está no seu início e seu desenvolvimento será influenciado por vários fatores da realidade política. Um destes fatores, muito importante, é a existência ou não de uma direção conseqüente para este processo.

A Conlutas firmou-se como o principal pólo de aglutinação das forças da esquerda socialista no país nos últimos anos, para enfrentar o governo Lula e a burguesia. Está sendo parte fundamental da construção de um processo de unidade de ação amplo, contra a política econômica e as reformas neoliberais de Lula. A mobilização do dia 23, convocada pela Conlutas e outras entidades (como Intersindical, MST e setores da igreja) foi fruto deste esforço que deve prosseguir.

Para fortalecer as lutas
É fundamental este chamado à unidade para a luta em defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores. Em primeiro lugar, porque se a unidade se efetiva é a luta dos trabalhadores que se fortalece. Em segundo lugar, porque se a CUT ou outros setores governistas como o PCdoB, por exemplo, fogem da raia, como fizeram no dia 23, facilita seu desmascaramento perante a sua base e fortalece a construção de uma alternativa.

Mas isso não nos exime da tarefa fundamental de construirmos uma direção alternativa a estas organizações tradicionais, para avançar na luta dos trabalhadores. Podemos e devemos chamar a CUT à unidade de ação para defender os direitos dos trabalhadores, mas não há a mínima possibilidade de construirmos uma direção combativa e conseqüente para as nossas lutas junto com a CUT.

Uma alternativa de direção só se construirá contra a CUT, combatendo a influência que esta organização traidora ainda tem sobre os trabalhadores brasileiros. Para isso é necessário somar as forças de todos aqueles que estão de acordo com estas lutas para construir a nova direção.

Infelizmente um setor ainda insiste em um projeto que tende a dividir nossas forças. Trata-se da Intersindical, que tem uma parte dos seus componentes ainda dentro da CUT. Estes companheiros se recusaram até agora a somar forças na construção de uma alternativa única a partir do pólo que se construiu em torno à Conlutas. Esta de-veria ser a via natural da construção da unidade, pois a Conlutas reúne um número maior de entidades sindicais, e agrega também um número muito significativo de movimentos populares e da juventude.

Não bastasse isso, a Conlutas ainda tem um funcionamento aberto, que permite a integração a qualquer tempo de uma organização dos trabalhadores, inclusive com pleno direito a participar da sua direção. No entanto, apesar dos inúmeros chamados, não conseguimos avançar com os companheiros até agora.

A última reunião da Coordenação Nacional da Conlutas resolveu dar mais um passo no sentido da luta pela unidade. Juntamente com a abertura do processo de preparação do próximo congresso nacional da entidade, que ocorrerá entre 22 e 25 de maio de 2008, foi lançado mais um chamado aos setores da esquerda socialista em geral, e aos companheiros da Intersindical em particular, para a construção dessa alternativa única. Junto com isso, a coordenação aprovou também um gesto muito importante: abriu a possibilidade – caso seja a condição colocada para que se construa a unidade de toda a esquerda socialista – de levar ao congresso da entidade a proposta de construirmos uma nova organização de trabalhadores, fruto da fusão da Conlutas com os demais setores.

Obviamente nossa opinião é que a organização que surgir desta fusão deverá manter as bases políticas e características que estamos construindo na Conlutas. Não se trata de uma unidade a qualquer custo, mas sim da unidade para fortalecer a construção de uma alternativa de luta, democrática, socialista e de todos os trabalhadores na sua guerra contra o capital, com uma postura clara de oposição ao governo. Mas é um gesto muito importante para destravar o diálogo com os companheiros da Intersindical.

Pautar esta discussão no nosso congresso não significa diminuir o esforço pelo plano de lutas e pelas mobilizações que estão em curso. Tampouco vamos diminuir o empenho na construção da Conlutas, pois a entidade continua sendo o ponto de apoio fundamental para os trabalhadores, para suas lutas e para a construção de uma direção alternativa. Apenas esperamos que, no futuro próximo, estejamos todos juntos, remando para o mesmo lado em busca dos objetivos da nossa classe.
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