Zé Maria, presidente nacional do PSTU
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“Não queremos o voto a qualquer custo. Nossa candidatura está a serviço da mobilização dos trabalhadores”. Este foi o conteúdo dos discursos dos candidatos presentes na Convenção Nacional e Estadual do PSTU, no dia 29 de junho, na capital paulista.

Apesar do intenso frio paulistano, cerca de 250 pessoas, entre sindicalistas, estudantes e ativistas lotaram o plenarinho da Câmara Municipal para acompanharem o lançamento das principais candidaturas do PSTU. Também estiveram presentes importantes lideranças sindicais e do movimento popular, além de representantes do PSOL e do PCB, demais partidos da Frente de Esquerda.

Organizar os trabalhadores
O presidente nacional do partido, José Maria de Almeida, o Zé Maria, abriu o ato falando sobre os desafios da esquerda na luta contra o governo. “Este não é um governo qualquer, Lula foi eleito embalado em grande expectativa. Temos que definir uma estratégia para enfrentar esse governo, buscando a unificação dos trabalhadores. Essa não é uma disputa menor”, afirmou.

Zé Maria deu como exemplo da busca pela unidade nas lutas a grande vitória que foi o Conat. Neste segundo semestre, no entanto, as eleições polarizarão a luta política. “Não podemos nos abster dessa luta”, defendeu. “Vamos disputar o voto e a consciência dos trabalhadores. Vamos explicar que não é através do voto que os trabalhadores vão melhorar suas vidas”. Para cumprir tal tarefa, a frente “é uma arma poderosa”. Segundo ele, o caminho agora é “fortalecer a mobilização e as organizações dos trabalhadores, pois é na luta que vamos transformar esse país”.

Após o discurso de Zé, foi a vez de Dirceu Travesso, o Didi, dirigente do Movimento Nacional de Oposição Bancária e candidato a deputado federal. Didi atacou a falsa polarização entre PT e PSDB. “Não há diferença nenhuma entre os projetos de Lula e Alckmin. Não conseguiram se diferenciar nem na roubalheira”. Dirceu destacou os principais pontos da campanha do PSTU nessas eleições. “A proposta do PSTU é que nossa campanha não se restrinja ao debate eleitoral. Vamos resgatar o programa socialista. Falar sobre a necessidade de não pagar a dívida externa e interna, pois enquanto isso não acontecer não haverá recursos para investir em saúde e educação”, afirmou.

Didi denunciou ainda as privatizações que o governo tucano está impondo no estado, como a privatização de uma linha do metrô, e a preparação de novos ataques aos trabalhadores, como a reforma Trabalhista e a terceira reforma da Previdência, preparado por Lula. “Temos que levar adiante nessas eleições um programa que o PT jogou no lixo, com uma postura anti-imperialista, contra a Alca, contra as demissões, a serviço das mobilizações. Travesso explicou ainda que as diferenças entre o PSTU e o PSOL não serão abafadas. “Sabemos que temos pensamento distinto e expressaremos nessa frente nossas diferenças”.

Candidaturas de Luta
Já para a vaga do Senado da Frente de Esquerda, a Convenção lançou o nome de Luiz Carlos Prates, o Mancha, ex-presidente e atual diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, referência nacional de luta. Mancha, que talvez venha a ser o único candidato negro ao Senado, lembrou a posição do PSTU quando Lula foi eleito com o apoio incondicional de grande parte da esquerda socialista. “Não só não confiamos em Lula como chamamos os trabalhadores a lutarem contra esse governo. O que Lula faz não é enganar os ricos e governar para os pobres como muitos acham, mas justamente o contrário”, afirmou.

Mancha defendeu também a ruptura com o imperialismo e o não pagamento da dívida e afirmou que sua campanha estará a serviço do fortalecimento da Conlutas e da organização dos trabalhadores, da juventude e dos setores oprimidos, como mulheres, negros e homossexuais. “É preciso que os trabalhadores tomem seu destino em suas mãos”, resumiu Mancha.

Para a Assembléia Legislativa, o PSTU lançou os nomes de reconhecidas lideranças, como Fábio Bosco, bancário do Santander-Banespa e ex-candidato a prefeito pelo partido. Também foi lançada a candidatura de Edgar Fernandes, histórico dirigente dos professores e atual vice-presidente, pela oposição, da Apeoesp, o maior sindicato da América Latina.

Representando a luta dos movimentos sociais e populares, Toninho Ferreira, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e atual advogado dos sem-teto da ocupação do Pinheirinho, também irá disputar as eleições com um programa independente, classista e de luta. Compõem os quadros do partido para a Câmara também a servidora Ana Luiza, dirigente sindical que atualmente lidera uma greve de dois meses contra o governo. A candidata enfocará a luta contra a opressão nos marcos da classe, denunciando o capitalismo.

Arruda neles!
O candidato ao governo do Estado pela frente, Plínio de Arruda Sampaio, fez questão de comparecer na convenção. Arruda afirmou que seu principal objetivo nessas eleições é fortalecer o reagrupamento da esquerda socialista, já que “as mudanças nesse país não se darão pelas eleições”.

`PlinioPara ele, os principais eixos da campanha no estado devem ser, em suas próprias palavras: Oposição frontal às demais candidaturas, contestando a ordem estabelecida; Transformar a campanha numa frente de massas, com um programa anti-capitalista, para além do período eleitoral e Fazer propaganda do socialismo. “Precisamos falar do socialismo”, chegou a afirmar. “Não temos dinheiro, mas temos o que o PT há muito perdeu: a militância, além de lideranças preparadas”, lembrou Plínio, que terminou sua intervenção com seu bem-humorado lema: “Nessas eleições, é ‘arruda´ neles!”.

Ao final da convenção, os ativistas cantaram o hino da Internacional e esquentaram a fria noite de São Paulo improvisando a palavra de ordem da Frente: “Contra o Geraldo e o mensalão, Frente de Esquerda na luta e na eleição!”.