As explicações contraditórias dadas por petistas na tentativa de inocentar Lula das investigações sobre um empréstimo que o presidente teria adquirido no PT não estão convencendo. Há suspeitas de que o empréstimo a Lula tenha sido pago com dinheiro do publicitário Marcos Valério, acusado de usar suas empresas para lavar dinheiro desviado dos cofres públicos para pagar mensalões a deputados e propinas a políticos. O suspeito empréstimo contabilizado no caixa petista está sendo difícil de explicar e pode ser um elo do presidente com todo o escândalo.

Nas contas que o PT apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral, Lula tinha uma dívida com o partido descrito como “adiantamento a empregados“ e “adiantamento a terceiros“. A dívida teria sido paga em quatro parcelas, entre dezembro de 2003 e março de 2004.

O presidente do Sebrae e grande amigo pessoal de Lula, Paulo Okamotto, resolveu assumir a responsabilidade pelo pagamento. O PT deu declarações afirmando que Lula não sabia de empréstimo algum, que tudo não passou de incompetência de quem trabalha no setor financeiro do partido. Logo em seguida, surge Okamotto dizendo que pagou com seu próprio dinheiro a dívida em nome do presidente. A solidária atitude do presidente do Sebrae ocorreu, por pura coincidência, uma semana depois que ele se encontrou com seu amigo Lula. Paulo Okamotto acompanhou o presidente em seu AeroLula à cidade natal de Lula, Garanhuns (PE), onde Lula fez mais discursos eleitoreiros, com sua “agenda positiva”. Suspeita-se que, na ocasião, o discurso com Okamotto tenha sido combinado.

Porém, a história de Okamotto não colou. Ele mesmo disse não ter documentos ou recibos que comprovem que entregou dinheiro do próprio bolso para quitar a dívida de R$ 29 mil do presidente Lula com o PT. Okamotto diz ter pago a enorme quantia em dinheiro vivo, sem usar cheques. Seria pura coincidência com as histórias das malas do mensalão?

Okamotto não soube explicar a inexistência de recibos. Tampouco disse como o pagamento, em dinheiro, foi entregue ao diretório. O dinheiro foi enviado, não se sabe como, para São Paulo e os depósitos ocorreram em quatro agências diferentes do Banco do Brasil. Muita coisa está mal explicada…

Se o dinheiro que Marcos Valério supostamente lavava para pagar propinas e mensalões também foi para as mãos do presidente Lula, tais fatos significariam que Lula não somente sabe do esquema de corrupção, mas participa dele. Por isso, não é possível manter a blindagem de Lula.

O PSTU, diante disso, fez questão de destoar do discurso de proteção ao presidente que vem sendo feito tanto pela direita como pela esquerda. Impulsionamos diversos atos pelo país e encaminhamos um pedido à CPI exigindo que Lula também seja investigado e que tais contradições venham à tona. Está mais do que claro que o presidente também está sujo dessa lama.