Os ativistas dos movimentos sociais, o PSOL e o PSTU têm uma enorme responsabilidade de apresentar uma alternativa de esquerda e da classe trabalhadora nas próximas eleições.

Apesar de as eleições ocorrerem somente em 2014, os candidatos dos grandes partidos já estão correndo atrás de apoios, antecipando a campanha eleitoral.
O ex-presidente Lula, principal cabo eleitoral do PT, com sua Caravana da Cidadania, percorre o país para garantir a prioridade do PT: a reeleição de Dilma. Em contrapartida, o PSDB, por meio de Fernando Henrique Cardoso, lança o Senador Aécio Neves como pré-candidato à Presidência da República. Correndo por fora, Marina Silva (Rede) e Eduardo Campos (PSB) também se movimentam.
Manter o cenário político eleitoral em torno à falsa polarização entre o PT e o PSDB só interessa aos grandes grupos econômicos nacionais e internacionais. Ao longo dos dez anos de governo, o PT aplicou a mesma política econômica de FHC de beneficiar os banqueiros e empresários em detrimento da maioria da população. A aproximação da crise mundial leva o governo a atacar os direitos dos trabalhadores para garantir os lucros dos patrões. Por isso, é necessária a apresentação de uma alternativa dos trabalhadores em 2014. Uma alternativa contra essa falsa polarização que apresente um terceiro campo, vinculado aos trabalhadores, nas próximas eleições.

Eleições 2012: espaço para a esquerda socialista
O PT saiu das últimas eleições fortalecido com os resultados obtidos, cuja maior expressão foi a eleição de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo. Contudo, apesar da estrondosa vitória do PT, as votações obtidas pelo PSOL e pelo PSTU demonstram um significativo espaço eleitoral à esquerda. Algo que pode ser um reflexo da experiência de alguns setores da sociedade com os governos do PT. Tal espaço pode embasar a construção de uma alternativa dos trabalhadores.
A eleição dos vereadores do PSTU Amanda Gurgel, em Natal (RN), e Cleber Rabelo, em Belém (PA), além da votação que recebemos em Aracaju (SE), sem dúvida alguma, representam uma enorme vitória para nosso partido e para a luta dos trabalhadores. Da mesma forma, a votação recebida por Edmilson (PSOL) no primeiro turno das eleições à prefeitura de Belém expressa um importante avanço dos movimentos sociais na região.
Mas o novo partido Rede, de Marina Silva, pode gerar confusão no debate eleitoral e na disputa pela consciência da população. Marina goza de prestígio em razão de seu discurso de defesa do meio ambiente e tenta construir uma alternativa ao PT e PSDB. Com a falácia da “sustentabilidade ambiental” e da economia verde, o Rede legitima a mercantilização do meio ambiente e a privatização da Amazônia. A lei de Marina Silva que liberou concessões de florestas públicas à iniciativa privada é um exemplo dessa política.

Arrancar alegrias do futuro
Os ativistas e lutadores dos movimentos sociais, o PSOL e o PSTU têm uma enorme responsabilidade de apresentar uma alternativa que fortaleça esse espaço de esquerda nas eleições. É necessário apresentar uma Frente de Esquerda para que não se desperdicem as forças e os anseios de milhões de trabalhadores e jovens que saem às ruas em busca da transformação social.   
A Marcha a Brasília do dia 24 de abril, ao unificar diversas lutas e movimentos sociais, expressa objetivamente um terceiro campo, distinto do governo e da direita, um campo dos trabalhadores. Assim como nas greves e mobilizações, é preciso unir os lutadores nas eleições. O desafio está lançado.  O PSTU se coloca à disposição da construção de uma Frente de Esquerda, que seja classista e tenha um programa socialista. Chamamos especialmente o PSOL a um debate fraterno sobre programa, política de alianças e financiamento de campanha.

Um debate com o PSOL

Nas últimas eleições, a política adotada pelo PSOL provocou uma grande polêmica, entre outras questões, pela ampliação da política de alianças.
Em Macapá (AP), reduto do Senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), o candidato do PSOL, Clécio Luis, que tinha em sua chapa o líder do PPS, venceu as eleições com o apoio do DEM, PTB e PSDB. Isso foi possível a partir de um acordo costurado com o ex-presidente José Sarney, representante da velha direita oligárquica. Mas talvez a maior expressão da ampliação das alianças do partido foi o apoio de Lula e Dilma dado a Edmilson no segundo turno em Belém. Algo que entristeceu vários militantes e ativistas que se empenharam em sua campanha.
Outro importante aspecto é a questão do financiamento da campanha pelos empresários. O episódio ocorrido na campanha de Luciana Genro (PSOL-RS), que recebeu uma contribuição financeira da Gerdau, voltou a se repetir nas últimas eleições. Isso pode indicar que não se trata de um caso isolado, mas de um método recorrente.
Já vimos esse filme antes. Há tempos a maioria da esquerda abandonou a estratégia revolucionária para se adaptar ao parlamento e ao “vale tudo eleitoral”. PT e PCdoB se transformaram em máquinas eleitorais, em que parlamentares têm plenos poderes e estão acima do partido. A ex-senadora Heloísa Helena seguiu por esse caminho, saiu do PSOL e foi para a Rede de Marina. Porém, caso o PSOL continue com uma política de rebaixamento programático, ampliação das alianças e financiamento das empresas caminhará na mesma lógica do PT e de Heloísa.
Fazemos um chamado aos companheiros do PSOL. Defendemos uma Frente de Esquerda construída nos marcos da que formamos em Aracaju (SE) nas eleições passadas, que teve a expressiva votação de 6,6%. A frente não se limita ao nome do candidato, mas a uma frente classista com um programa socialista, condição necessária para constituirmos uma Frente de Esquerda.
A Frente de Esquerda em Aracaju e a eleição de Cleber e de Amanda comprovam que é possível fazer uma campanha vitoriosa, sem dinheiro de empresários e acordos com os patrões. Para o PSTU a campanha eleitoral não se resume a votos, mas conscientização e organização dos trabalhadores. Só assim teremos uma Frente de Esquerda pra valer!

 

Post author Vera Lúcia, de Aracajú (SE)
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