CSP Conlutas

Central Sindical e Popular

Em São Paulo, o maior metrô do país amanheceu nesta quinta-feira (19) com a maioria de suas estações fechadas em razão da greve decretada pelos metroviários na noite de ontem. A paralisação dos trabalhadores é contra a privatização das Linhas 5-Lilás e 17-Ouro.

A adesão é de mais de 90% em uma forte mobilização da categoria que luta contra a destruição do transporte público em SP levada à cabo pelo governo Alckmin (PSDB). Nesta sexta (19), governo e empresa divulgarão o resultado do leilão que entregará à iniciativa privada as linhas 5 e 17.

O Sindicato dos Metroviários de SP denuncia os prejuízos à população com a privatização e graves irregularidades em todo o processo, direcionado para beneficiar a concessionária CCR.

Nossa greve é contra a destruição do sistema público do metrô de SP. Estamos denunciando que o governo Alckmin e a direção da empresa vão abrir o resultado do leilão em que o vencedor será a CCR, empresa que tem por trás a Andrade Gutierrez e a Camargo Correia, empreiteiras afundadas em esquemas de corrupção. A Camargo Correia, inclusive, já é denunciada por um esquema de corrupção no próprio Metrô”, explicou o coordenador geral do Sindicato dos Metroviários Raimundo Cordeiro.

Se essa privatização se concretizar, significará a destruição da empresa pública de metrô para entregá-lo às concessionárias privadas que só pensam no lucro. Com isso, a tarifa vai aumentar, os problemas de segurança, falhas e panes também. Quem perderá é a população, os 4 milhões e meio de usuários diários do Metrô”, afirmou Cordeiro.

Ana Borguin, diretora do Sindicato e integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, também denunciou o jogo de cartas marcadas nesse processo de privatização e destacou que a mobilização não é só dos metroviários.

O governo Alckmin está fazendo um dos maiores ataques ao Metrô de SP, aprofundando o processo de privatização do sistema. A entrega do metrô às empresas que financiam as campanhas do PSDB, vai aumentar tarifa, causar demissões e terceirização. Estamos denunciando isso. A privatização não atinge apenas os metroviários, mas toda a população”, disse.

Em estações como Jabaquara, a fala de dirigentes e ativistas da categoria, explicando os motivos da greve, foi aplaudida por usuários presentes no local.

Risco à população
A direção do Metrô colocou alguns trechos para funcionar com supervisores, sem treinamento específico para a tarefa, num grave risco à população. Os trechos em que as estações estão abertas são Linha Azul da Ana Rosa até Luz, Linha Verde da Ana Rosa até Vila Madalena e Linha Vermelha da Bresser Mooca à Marechal Deodoro.

Conhecido como “Che”, Ricardo Lourenço, diretor do Sindicato e vice-presidente da CIPA, afirmou que a mobilização está forte na linha verde com a adesão dos trabalhadores da operação, segurança, estação e tráfego. Entretanto, destacou que a empresa está usando supervisores e pessoas em treinamento para operar os trens, o que é um perigo. “Além do assédio moral para que essas pessoas trabalhem sem capacitação, o Metrô coloca em risco a vida dos usuários. Estamos alertando sobre isso e chamamos a população a fortalecer esse movimento”, disse.

É um setor da supervisão, que sob ameaça e assédio, está sendo obrigado a operar os trens. Hoje, quem entrar no Metrô está correndo risco de acidente grave, pois não estão sendo conduzidos por funcionários habilitados e treinados para essa função”, reforçou Raimundo Cordeiro.

Além de querer entregar o metrô a preço de banana em um processo de cartas marcadas, o governo coloca em risco usuários do sistema colocando funcionários sem preparo técnico para operar os trens. Chamamos o apoio e a solidariedade da população, pois nossa luta é contra a destruição do metrô público e a privatização que vai causar demissões, terceirização e o aumento da tarifa”, disse Carla Carvalho, que é operadora de trem e diretora do Sindicato.

A CSP-Conlutas declara todo apoio à luta dos metroviários contra a privatização do Metrô.

Os metroviários programam um ato amanhã (19), às 9 horas, em frente à Bolsa de Valores, quando será anunciado o vencedor do leilão das Linhas 5 e 17 do Metrô.