A greve nacional unificada de petroleiros começou forte nesta terça, 03. Em Sergipe e Alagoas novas áreas aderiram à greve, com muita iniciativa e disposição de luta dos trabalhadores de base, motivo de muito orgulho para a direção do Sindipetro AL/SE. Nas bases da FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) o movimento entra no seu sexto dia. Nacionalmente, as gerências das unidades não têm poupado esforços para impedir os sindicatos de conduzirem a greve e para coagir a categoria a voltar aos seus postos de trabalho, uma vez que a dificuldade de escalar seus grupos de contingência tem sido grande.

A greve já é considerada a maior mobilização da categoria desde 1995. Os petroleiros hoje lutam contra a continuidade do plano de privatização que o PSDB de FHC não conseguiu completar há 20 anos atrás, apesar da quebra do monopólio estatal do Petróleo. Agora sob o comando do PT de Dilma e Lula, o governo mais uma vez tenta realizar o desejo do império dos bancos e dos magnatas do petróleo.

Com desinvestimento, demissões em massa, retirada de direitos e a venda do patrimônio da empresa, a Petrobrás está sendo depenada. Portanto, a luta dos petroleiros nessa campanha salarial vai além da defesa do reajuste e da defesa dos direitos históricos que estão sendo atacados no Acordo Coletivo de Trabalho. É uma luta contra o Governo Dilma, para impedir que a maior riqueza do povo brasileiro seja entregue nas mãos de um punhado de empresários que só pensam no lucro, enquanto os trabalhadores sofrem com desemprego e relações de trabalho precárias, pior do que já fazem as terceirizadas. 

Confira abaixo o quadro local e nacional da greve:

GREVE EM SERGIPE E ALAGOAS
No Campo Terrestre de Carmópolis a greve se fortaleceu nesta terça,  com adesão da base administrativa e parada de produção. Nas áreas operacionais, de 80% a 90% dos trabalhadores aderiram. Nas estações de Saquinho, Desparafinação, Jordão e Siriri os próprios trabalhadores de base estão garantindo a paralisação. Estas são as principais bases de produção de petróleo do campo, que recebem o óleo bruto das sondas. Por voltas das 13h de hoje chegou um oficial de justiça com uma liminar de interdito proibitório, sob acusação do sindicato impedir os trabalhadores de entrar. Os portões estão abertos e sem faixas. O que segura a greve é a insatisfação e a disposição de luta dos trabalhadores que só cresce.

Na Fafen-SE (Fábrica de Fertilizantes Nitrogenado de Sergipe), a empresa ajuizou interdito proibitório, acusando o sindicato de impedir os trabalhadores de entrarem. Isso é mentira. A adesão dos trabalhadores é quase total. Como não conseguiu derrubar o movimento através da liminar judicial, a empresa mais uma vez acionou a polícia para tentar intimidar os grevistas. Porém, essa tática também não funcionou e a situação permanece tranquila. Se alguém deveria responder pela ação de interdito proibitório, esse alguém é a própria gerência da Petrobrás, que acabou fechando os portões com receio de uma greve de ocupação. Com os portões fechados pela gerência, os caminhões para carregamento dos produtos e os trabalhadores estão impedidos de entrar. Assim, o armazém está cheio de ureia, logo a fábrica vai parar, pois não tem onde armazenar a produção.

Por fim, a produção está nas mãos apenas de operadores do turno e equipe de contigência, que entraram desde o dia 31/10, às 15h. A direção do Sindipetro AL/SE, pela responsabilidade que tem com a vida dos trabalhadores, entrou com ação para pedir a retirada do pessoal de dentro da fábrica e tem chamado a gerência para tratar da questão desses trabalhadores que estão retidos há 48 horas de forma arbitrária, expostos a todos os riscos. No turno das 15h os trabalhadores rejeitaram a proposta da empresa de render parte do efetivo que está trabalhando desde sábado e ficar em turno de 16 horas. Os trabalhadores definiram que só aceitam efetuar a rendição se a empresa retirar toda a equipe de contingência.

Na Sede da Rua Acre, em Aracaju, a greve segue com mais de 90% de adesão. Através do Ouro Negro, que a partir de agora funcionará como boletim diário de greve, o Sindipetro dialogou com os petroleiros terceirizados. Diante do assédio e terror das empresas para dividir os trabalhadores, o sindicato explicou a necessidade da greve para derrotar a plano de desinvestimento, demissões e privatização de Dilma e Bendine. “Contra os cortes de ponto e as demissões, nossa resposta É GREVE”.

No Tecarmo, Polo Atalaia, a greve também continua desde quinta, 29 de outubro. Apesar do assédio da empresa para obrigar os trabalhadores a entrarem por buracos nas cercas e por dentro dos matos, a adesão é de aproximadamente 70% do administrativo e de 80% à 90% dos trabalhadores do turno.

Nas plataformas de Aracaju, nenhum trabalhador embarcou pela manhã. Negociaram apenas o embarque do técnico de segurança, de um supervisor e de um operador para garantir a segurança da PCM-9. Pela tarde embarcaram os trabalhadores terceirizados de serviços gerais (limpeza e cozinha).

Na base de Pilar, em Alagoas, os petroleiros e petroleiras também aderiram fortemente a greve convocada pela FNP nesta terça. A categoria decidiu parar o turno sem corte de rendição o que motivou a empresa a determinar o fechamento dos poços, depois de quase 10h de greve. Na UPGN de Pilar, dos quatro operadores, apenas um continua, junto com os supervisores e engenheiro, fazendo o procedimento de parada dos compressores. A paralisação está sendo feita porque nenhum operador das duas áreas se propôs em fazer a rendição.

DEMAIS BASES DA FNP
No Litoral Paulista, o movimento segue com os trabalhadores de braços cruzados. No Terminal Almirante Barroso (Tebar), em São Sebastião, a adesão dos trabalhadores da manutenção foi de 80% e do turno de 100%. No Terminal Alemoa (Santos), o corte no turno foi feito logo pela manhã, seguido de adesão de 100% no ADM. No Terminal Pilões, em Cubatão, houve adesão de 90% do turno e adesão parcial do ADM.

Na UTGCA, em Caraguatatuba, os trabalhadores junto com os dirigentes do Sindicato mantêm os piquetes em frente à unidade, com adesão de 100% no turno e manutenção e de 30% no ADM. No Edifício Valongo, o Sindicato esteve presente durante a manhã para dialogar com os trabalhadores e sensibiliza-los sobre a necessidade de aderir ao movimento nacional de greve.

Na RPBC e UTE-EZR, em Cubatão, a adesão segue forte com 100% do turno com os braços cruzados e praticamente 90% do ADM também se incorporando à greve. Os ônibus chegam vazios à unidade e os trabalhadores seguem mobilizados. Nas plataformas de Merluza e Mexilhão, na Bacia de Santos, seguem sendo autorizados apenas serviços essenciais para segurança e habitabilidade das plantas, com corte na emissão de PTs (Permissões de Trabalho).

Em São José dos Campos, na Revap, houve corte de rendição na entrada do turno, às 7h, a com adesão de 100%. A Diretoria do Sindipetro/SJC realizou um trancaço no portão principal da unidade e mesmo sob forte repressão policial, mais de cem trabalhadores do ADM não entraram na refinaria.

No Rio de Janeiro, a manhã começou com assembleia no Tebig com a categoria deliberando pela continuidade da greve. Os trabalhadores do TABG prosseguem no sexto dia de mobilização.

Na base do Sindipetro-PA/AM/MA/AP, a greve na Província Petrolífera de Urucu (AM) continua sendo conduzida com controle de produção pelos trabalhadores, o que diminuiu em 25% a produção da unidade.  No Terminal Aquaviário de Coari (TA–Coari) a greve com ocupação segue forte. No Terminal São Luis (MA), em assembleia, os petroleiros decidiram pela manutenção da greve. Foi deliberada também a redução do número de operações. Além disso, a partir de amanhã ninguém entra no terminal.

BASES DA FUP
Norte Fluminense – Adesão de 42 plataformas, sendo que 25 estão totalmente paradas. Além disso, oito plataformas estão com restrição de produção e outras oito foram passadas para as equipes de “pelegos”. Cerca de 400 a 450 mil barris deixaram de ser produzidos. No Terminal de Cabiúnas, não há rendição de turno.

Bahia – RLAM e terminais da Transpetro sem troca de turno. Fafen parada. Termoelétrica e PBio sem trocas de turno. Campos de produção terrestre também na greve, com algumas unidades completamente paralisadas.

Espírito Santo – Operação do Terminal Aquaviário de Vitória está paralisada. No Terminal de Barra do Riacho, foi suspenso o recebimento de gás e o navio que está atracado no TABR não será operado. A P-58 está com 50% da produção reduzida, os trabalhadores desembarcaram e foram substituídos pela equipe de contingência. Na Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC), os operadores entregaram a unidade para a supervisão. No Terminal Norte Capixaba, a unidade também foi entregue ao gerente e aos supervisores.

Rio Grande do Norte – nas plataformas marítimas, a produção foi interrompida em 13 unidades. Os trabalhadores dos campos de produção terrestre também aderiram à greve. As unidades do Pólo de Guamaré estão sem troca de turno. A Refinaria Clara Camarão está com a produção parada.

Unificado de São Paulo – Na Recap e na Replan, a greve está com 100% de adesão dos trabalhadores do turno. Ambas as refinarias foram entregues para as equipes de contingência.

Duque de Caxias – A REDUC e a Termoelétrica permanecem sem troca de turnos. A Petrobrás continua impedindo a presença das direções sindicais dentro das unidades.

Minas Gerais – Na Regap e na Termoelétrica, os trabalhadores não estão realizando a troca de turno.

Pernambuco e Paraíba – Os trabalhadores do Terminal da Transpetro em Suape e da Refinaria Abreu e Lima continuam cortando a rendição dos turnos.

Amazonas – A Reman e os Terminais de Coari e Solimões permanecem sem troca de turno.

Ceará – Lubnor segue sem rendição de turno. Em Paracuru e na Usina de Biodiesel, os trabalhadores estão sendo mantidos em cárcere privado.

Rio Grande do Sul – Refap, Terminal de Rio Grande e a Termoelétrica Sepé Tiaraju seguem sem trocas de turno.

Paraná e Santa Catarina – Na Repar e na Usina do Xisto (SIX), não há troca de turno e as unidades foram entregues às equipes de contingência. Na Fafen, a produção da unidade está paralisada.