Entidades governistas chamam marcha para o dia 16, um dia antes da marcha da Conlutas em BrasíliaQuanto mais denúncias de corrupção surgem, comprometendo de vez o Congresso, o PT e o próprio presidente Lula, mais a Central Única dos Trabalhadores e a decadente UNE se esforçam em reafirmar o apoio incondicional ao governo. Depois de realizar inexpressivas manifestações estaduais e um ato durante o congresso da UNE, a CUT e a UNE organizam agora uma marcha a Brasília para o dia 16 de agosto.

A data, um dia antes da marcha contra o governo convocada pela Conlutas, não é coincidência. Trata-se claramente de uma resposta dessas entidades chapas-brancas às manifestações realizadas pela Coordenação Nacional de Lutas em todo país, e à própria marcha no dia 17. Tal resposta vem no momento em que a Conlutas ganha visibilidade e repercussão devido ao fato de ser a única entidade sindical nacional que se coloca frontalmente contra o governo Lula. Protestos como o ato em frente à sede do PT, em São Paulo, e durante visitas de Lula em Taubaté (SP) e Porto Alegre (RS), têm conseguido destaque, apontando o caminho da mobilização para milhares de ativistas que estavam confusos sobre o que fazer diante da crise.

Como argumento para defender o governo do mensalão, a CUT, a UNE e o MST ensaiaram inicialmente o discurso do “golpe das elites”. O próprio Lula apelou ao tal “ataque das elites”, cumprindo uma agenda repleta de “visitas” a operários e toda sorte de medidas orientadas diretamente por Duda Mendonça, afim de resgatar a imagem de presidente-operário. A farsa desmanchou-se no ar, diante da enxurrada de denúncias e do fato de que são estas elites, justamente, as que financiam os políticos do governo e presenteiam diretores do PT com Land Rovers e outros presentes, em troca da manutenção da política econômica.

Agora, com o aumento das mobilizações e da visibilidade em torno ao dia 17, anunciam uma marcha contra ‘a corrupção’. Mas, o tom governista se mantém. Além de defender o governo, as entidades também saem às ruas exigindo a aprovação das reformas neoliberais do governo, como a reforma Universitária e a Sindical. Como resposta à corrupção, fazem coro ao governo e apostam na reforma Política como solução para a corrupção no Congresso, mesmo sabendo que esta só vai favorecer os mesmos corruptos e não será capaz de acabar com o ‘caixa dois’ dos partidos. Com essas medidas, a CUT e a UNE se aliam ao governo em sua contra-ofensiva para se livrar das denúncias de corrupção.

Tiro pode sair pela culatra
A indignação e revolta que vem tomando conta da população apontam que o tiro do ato em defesa do governo pode sair pela culatra. A própria UNE divulga o ato como sendo a “volta dos caras pintadas”, omitindo o fato de que os caras pintadas de 1992 lutavam contra o governo corrupto e sua política neoliberal, exatamente o contrário que a entidade planeja fazer. No entanto, vai ser muito difícil a direção da UNE reprimir a revolta dos estudantes contra o governo ou canalizar este sentimento em atos encomendados pelo Planalto.

Da mesma forma, a CUT não vai conseguir segurar os trabalhadores e os protestos contra o governo serão inevitáveis. Assim como Collor convocou a população às ruas para defendê-lo, sendo derrubado pelas massas, a CUT e a UNE também correm o risco de se surpreender.