Neste fim de semana ocorre o segundo turno das eleições. As pesquisas indicam uma derrota do governo em capitais da importância de São Paulo, Porto Alegre, Belém, Curitiba e Goiânia. Se isso se confirmar, a vitória parcial do primeiro turno, se transformará em uma derrota global. Nem a provável vitória em Fortaleza altera esse quadro geral.

Somando as derrotas do primeiro turno no Rio de Janeiro, em boa parte do ABC paulista, em Campinas, São José dos Campos, Ribeirão Preto e outras cidades, o governo deve perder as eleições em regiões industrializadas e de grande peso econômico e político, o que enfraquece o governo federal e a candidatura Lula em 2006. As derrotas de Porto Alegre, Belém e Campinas atingem duramente a esquerda petista, que deve sair em crise dessas eleições.

O PSDB, o provável vencedor, é o mesmo partido que saiu desgastado e enfraquecido em 2002, depois dos estragos do governo FHC. O grande responsável pela ressurreição do PSDB é o PT e seu governo.

É tão ruim o governo Lula, que as pessoas chegam a usar o PSDB para punir o PT.

É certo votar na oposição de direita para atacar o PT?

O que move em essência a consciência das massas é a aspiração de melhoras sociais, ainda que mínimas, como ter um emprego e um salário digno. Isso tem a ver diretamente com a política econômica aplicada pelo governo. E nisso, como na maioria das questões fundamentais da política, tanto o PT como o PSDB coincidem em tudo. O governo FHC foi quem teve a tarefa de aplicar amplamente no Brasil o plano neoliberal, iniciado por Collor. Quem privatizou as estatais, abriu as fronteiras aos produtos das multinacionais e instituiu as metas de superávit primário foi FHC.

Votar no PT, portanto, como votar no PSDB (ou no PFL, PMDB etc.) é deixar que estes partidos, depois das eleições e com o apoio do seu voto, apliquem e apóiem o mesmo plano econômico neoliberal.

O que vem por aí?

Vem aí a retomada das negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que já está sinalizada para depois das eleições nos EUA e no Brasil. A aplicação desse acordo no Brasil levará a uma queda no nível de vida das massas tão grande que a situação de miséria atual vai ser lembrada com saudades. O desemprego vai atingir níveis muito maiores, de 40 a 50% (hoje em 20%), semelhantes aos que já existem em vários países da América Latina.

Vem aí a reforma Sindical. Com ela, a CUT não necessitaria submeter seu acordo com os banqueiros às assembléias, nas quais ocorreram as rebeliões de base que levaram à greve bancária. O motivo para tal burocratização é simples: o governo prepara o país para a Alca, e isso significa aplicar golpes muito duros nos trabalhadores, semelhantes aos impostos pela ditadura militar. Vem aí a supressão das férias e do 13º salário, e o governo Lula teme uma reação contrária das massas.

Já está aí a reforma Universitária, com toda a carga de privatização das verbas públicas para as universidades particulares. Vem aí a reforma do Judiciário, com a chamada “súmula vinculante” que vai impor a todos os juízes as decisões da cúpula do Supremo Tribunal Federal, completamente alinhada ao governo.
Vêm aí as Parcerias Público-Privadas, uma negociata tão vergonhosa como as privatizações de FHC.

O voto em qualquer candidato do PT e seus aliados, como no PSDB e outros partidos nessas eleições municipais significa reforçar estes ataques contra os trabalhadores.

Votar nestes partidos é votar no mal maior

Votar em qualquer um desses partidos não é votar no “mal menor”. É votar no mal maior, no arrocho salarial, no desemprego, na Alca, nas reformas neoliberais, na corrupção. O mal maior nessas eleições é o respaldo da população pobre aos que a tornarão ainda mais pobre e miserável.

Votar nulo não é “perder o voto”. Perder o voto é ver o candidato, eleito com seu voto, apoiar uma medida que vai levar você a ficar sem emprego, sem saúde, sem educação.

O voto nulo é a única alternativa real que sobra nessas eleições. É um voto de protesto contra este regime, contra estas candidaturas.
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