O que você faria se alguém lhe perguntasse se você prefere ganhar um tiro ou uma facada? Você teria todo o direito de responder que não quer nenhum dos dois.

Não se trata de uma comparação absurda porque seu voto vai servir para reforçar um programa de ataque a seus direitos, seja com o PT, seja com a oposição de direita.

A alternativa real que os trabalhadores, a juventude e o movimento popular têm nessas eleições é o voto nulo. Essa é uma posição correta quando não existe uma alternativa de esquerda independente concorrendo.

Muitos responderão que assim “perderiam” seu voto, e que o voto nos partidos majoritários é o “mal menor”.

Este é uma das bases mais importantes da ideologia dominante no país, para a qual é necessário sempre escolher o mal menor entre as hipóteses que existem. Com essa postura, nunca se vai construir algo novo, independente e dos trabalhadores, e se termina reforçando o que está aí.

Com isso, um trabalhador poderia votar em um representante dos patrões contra o qual está fazendo uma greve. Os bancários, por exemplo, poderiam votar nas candidaturas do PT (que impediu o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal de negociarem com os grevistas) ou do PSDB (partido ligado diretamente aos banqueiros, assim como o PFL). Em qualquer uma dessas hipóteses, sem saber, o bancário estará fortalecendo os banqueiros e enfraquecendo sua greve. O bancário consciente deve votar nulo, em defesa de suas próprias reivindicações.

Contra burguês, vote nulo dessa vez

O voto nulo é uma expressão legítima, e pode ter uma enorme importância política. Não temos muita tradição neste sentido no Brasil, mas pode se recorrer a experiência de outros países. Há dois anos atrás, na Argentina, houve uma anulação massiva dos votos, que teve enorme repercussão política, porque expressou nas urnas o processo revolucionário em que as massas diziam aos políticos: “Que se vayam todos!” (Fora todo mundo!). Há alguns meses, na Bolívia, perante um plebiscito fraudulento convocado pelo governo, com perguntas distorcidas para legitimar a entrega do gás boliviano às multinacionais, ocorreu também uma grande extensão do voto nulo, enfraquecendo a manobra do governo.

Evidentemente, trata-se de duas situações distintas e mais avançadas em termos de mobilização social que a brasileira. Não esperamos que o voto nulo tenha tal extensão no Brasil, hoje. Mas é muito importante que a vanguarda vote nulo e faça uma campanha unificada sobre este tema. Defendemos em particular que os setores que passaram por lutas recentes, como bancários, petroleiros, funcionalismo, metalúrgicos e a juventude, se posicionem pelo voto nulo. Nesse segundo turno contra burguês vote nulo dessa vez.
Post author
Publication Date