Apesar de os trabalhadores das montadoras terem obtido conquistas nesta campanha salarial, ela ainda não acabou.

Graças a paralisações nas montadoras do Paraná e de São Paulo, os trabalhadores dessas fábricas conseguiram acordos melhores.

É o caso da GM de São José dos Campos, que parou por um dia, e das montadoras do ABC (que pararam somente algumas horas), que chegaram a 11,01% de reajuste, com 3,6% de aumento real e abono de R$ 1.450. Os trabalhadores da Honda também pararam por um dia e conseguiram 6,92% de aumento real, chegando a 14,6% de reajuste, mas não tiveram nenhum abono.

Mercedes e Toyota ainda estão sem proposta. A Volks de Curitiba, com seis dias de greve, chegou ao reajuste total de 11% e um abono de R$ 2 mil em troca de três meses desse reajuste, que será pago em novembro. A Renault, depois de quatro dias de greve, ofereceu 10% de reajuste e abono de R$ 1.500, assim como a Volvo, que fez um dia de greve.

Mas as propostas para as fábricas de autopeças, máquinas e eletroeletrônicos ainda estão baixas. As empresas de autopeças ofereceram somente 3% de aumento real, o que totaliza 10,4%, sem abono.

Por isso, em São José dos Campos os trabalhadores da Bundy foram à greve e conquistaram 12% de reajuste mais um abono de R$ 1 mil.
Paralisaram suas atividades na semana passada a Bosh e a Eaton. Nesta semana, páram a KS Pistões, em Campinas, e em São José a Parker Filtros. Essa realidade obrigou a CUT a votar greve nas autopeças no ABC.

Um estudo do Dieese aponta que nem 1% das categorias chegaram a aumento real superior a 3%, desmascarando a fantasia criada pelo governo Lula de que os trabalhadores estão ganhando mais sob seu governo.

Mas quem luta está ultrapassando esse índice. Apesar da postura “pelega” da direção da CUT, que de início se recusou a apresentar um índice de reajuste, depois, na mesa de negociação apresentou a reivindicação de 5% e no final estava aceitando 2,5%, foi a pressão dos sindicatos do interior de São Paulo e do Paraná que fez os patrões chegarem a índices de até 3,6% e conquistaram abonos para compensar as perdas.

Foi o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e a CONLUTAS que iniciaram e forçaram as paralisações nas montadoras.

Sem dúvida, se houvesse uma mobilização unificada dos trabalhadores das montadoras com paralisações em todo o estado, o índice teria sido muito superior.
Mais do que nunca está claro que os metalúrgicos necessitam de uma nova direção.

Post author Américo Gomes, de São José dos Campos (SP)
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