Um chamado ao PSOL e ao MTST

 

Nas últimas semanas, uma combinação entre o aprofundamento da crise na econômica e os desdobramentos do escândalo de corrupção investigado na operação Lava Jato levou ao agravamento da crise política que consome o governo da presidenta Dilma Roussef, do PT. Resultado dos ataques que se repetem quase diariamente aos direitos dos trabalhadores, a ruptura que vem se verificando dos trabalhadores e do povo pobre com o governo petista vai se transformando em revolta. A classe média, tanto sua parcela conservadora, como seu setor mais progressivo, contra a corrupção, girou fortemente para a oposição ao governo.

A oposição burguesa procura capitalizar o descontentamento popular recrudescendo as críticas ao governo, usando cinicamente as denúncias de corrupção, que ela também pratica, e os ataques aos direitos dos trabalhadores, que ela tem ajudado o governo a fazer, no Congresso Nacional, para desgastar o PT. Na verdade, apesar de alguns setores falarem em impeachment, toda a oposição burguesa, seja a do PSDB, seja a do PMDB ou do DEM, está unida ao PT para aprovar o ajuste fiscal e atacar aos nossos direitos.

Este quadro traz ao centro do cenário político do país a discussão sobre o governo, a discussão sobre quem governa, como, e para quem. A oposição burguesa, encabeçada por Aécio Neves do PSDB, Eduardo Cunha do PMDB, tenta se apresentar como alternativa, e mentem, buscando apoio nas classes médias e entre os trabalhadores. Para isso estão convocando manifestações para o dia 16 de agosto. Por outro lado, o governismo dentro das organizações dos trabalhadores, chefiados pelo MST, pela CUT, CTB, UNE, PT, tentam convencer os trabalhadores a irem às ruas para defender o governo petista “contra a direita” – como se a direita não estivesse também dentro do governo do PT – convocando manifestações para o dia 20.

Na opinião do PSTU, nem o governo do PT, nem a oposição burguesa servem aos interesses dos trabalhadores. Não estamos propondo o impeachment, pois isso significaria colocar nas mãos deste Congresso Nacional corrupto a solução da crise, e não nos adiantaria nada tirar Dilma para colocar Temer, Eduardo Cunha ou Aécio Neves. São farinha do mesmo saco. Os trabalhadores precisam, sim, ir para as ruas, mas não é para defender um ou outro, é para lutar contra os dois. Nem as manifestações do dia 16, nem a do dia 20 vão defender, de fato, os direitos e os interesses dos trabalhadores.

Basta de Dilma (PT), Aécio (PSDB), Eduardo Cunha e Temer (PMDB)!
Por um governo dos trabalhadores, sem patrões e sem corruptos!
Os trabalhadores e o povo pobre precisam tomar as ruas, mas é para dar um basta a tudo isso que está aí, os ataques aos nossos direitos, o desemprego, o arrocho dos salários, o aumento dos preços, a falta de moradia, o caos na saúde e na educação, à corrupção, à violência e à humilhação. Dar um basta ao governo Dilma do PT, mas também a Aécio e o PSDB, a Eduardo Cunha e Temer e o PMDB, a todos os responsáveis pela situação em que vivemos. Não propomos o impeachment porque seria entregar a este Congresso corrupto a solução para a crise, e não adiantaria nada tirar Dilma para colocar Aécio Naves, Eduardo Cunha ou Michel temer. Mas achamos que os trabalhadores, sim, podem e devem ir à ruas para colocar para fora o governo da presidenta Dilma, e junto com ele, Aécio, Eduardo Cunha e companhia. Sem isso ao país não vai mudar.

O PSTU acredita que é preciso, na luta contra o governo do PT e a oposição burguesa, construir uma alternativa de governo para o nosso país, que seja dos trabalhadores, sem patrões e sem corruptos. Um governo que suspenda imediatamente o pagamento da dívida pública e aplique estes recursos na saúde, educação, aposentadoria, moradia, transporte, saneamento; que reduza a jornada de trabalho sem reduzir salários e garanta emprego para todos; que preserve e amplie os direitos dos trabalhadores acabando, por exemplo, com a terceirização; que pare as privatizações e reestatize as empresas privatizadas; que proíba a remessa de lucros das multinacionais para o exterior; que acabe com a corrupção, puna com prisão e confisco dos bens aos corruptos e corruptores. E que governe apoiando-se nas organizações e na luta de todos os trabalhadores e setores oprimidos da sociedade, garantindo plena liberdade de organização, expressão e manifestação política, sindical e popular a todo o povo brasileiro. Só assim nossa vida vai mudar.

Mobilizar e unir os trabalhadores rumo à Greve Geral!
Plenárias sindicais e populares nos estados e regiões em agosto e mobilização nacional em setembro!
Neste sentido, foi muito importante o passo dado pela CSP-Conlutas e pela plenária sindical e popular realizada em São Paulo no dia 30 de julho e que contou com centenas de sindicalistas e lutadores populares e da juventude de todo o país, alem de partidos como o PSTU, o PCB e setores do PSOL. Aí foi lançado um chamado nacional à construção de um campo de classe que impulsione um processo de mobilização nacional contra o governo Dilma, para derrotar o seu ajuste fiscal e os ataques que tem feito aos direitos dos trabalhadores, e também contra a oposição burguesa encabeçada pelo PSDB, PMDB e o DEM. É por este caminho que construiremos as condições para mudar o nosso país.

Assim, é muito importante que todos os sindicatos, movimentos populares, organizações estudantis e da juventude se somem a este processo, jogando toda força na organização das plenárias sindicais e populares nos estados e regiões para preparar e desencadear este processo de mobilização. E que todos se somem á construção das ações de massa previstas para o mês de setembro.

A CUT, CTB, UNE e o MST precisam romper com o governo para virem somar-se a este processo de lutas!
A unidade da classe trabalhadora para lutar em defesa de seus direitos é uma necessidade imperiosa. Não há outra forma de derrotar os ataques aos seus direitos que vem sendo impostos pelo governo Dilma e pelo grande empresariado, sem uma ampla mobilização nacional, uma Greve Geral que pare o país e faça valer os interesses da nossa classe. Se quiserem ter qualquer coerência com a defesa dos direitos e interesses da nossa classe, a CUT, UNE, CTB e MST precisam romper com o governo que ora defendem, assim como a Força Sindical deve romper com suas ligações com o PSDB, para virem somar-se ao chamado da CSP-Conlutas para convocação de uma Greve Geral. Os sindicatos que são filiados a estas centrais precisam cobrar isso de suas direções e, em caso de negativa delas, devem eles mesmos romper com suas direções e somar-se à construção deste campo de classe.

Um chamado especial aos companheiros do PSOL e do MTST
A esquerda socialista brasileira tem diante de si uma tarefa de primeira grandeza, no cenário político atual. Cabe a ela em primeiro lugar, a responsabilidade de estar na linha de frente da construção deste campo de classe em alternativa às duas alternativas burguesas representadas pelo governo do PT, por um lado, e pela oposição burguesa por outro. A decisão tomada, até agora, pela direção do PSOL, pela direção do MTST, e pela direção da Intersindical/Central, de juntar-se ao governismo para convocar a manifestação do dia 20 de agosto, que é declaradamente para defender o governo, não condiz com esta responsabilidade.

Um ato que não seja categoricamente contra o governo que aí está é, objetivamente, a favor dele, pois este governo não para de atacar os trabalhadores. Independência não é neutralidade. A única forma de se praticar a independência frente a um governo da burguesia – e o governo do PT é um governo burguês – é na luta implacável contra ele. No cenário político atual, fazer um ato contra a direita, e que se limita a criticar as políticas econômicas do governo petista corresponde, de fato, a uma defesa deste governo frente à crise que ele enfrenta e aos questionamentos que lhe fazem os próprios trabalhadores. Esta é a política da CUT, MST e companhia. Se os companheiros não mudam seu posicionamento, acabam cúmplices desta política.

Assim, queremos insistir no chamado feito pela CSP-Conlutas e aprovado na plenária sindical e popular, e convidar os companheiros do PSOL e do MTST, da Intersindical/Central, da Intersindical, a que venham somar-se á construção deste campo de classe contra o governo Dilma e a oposição burguesa, e da mobilização nacional que precisamos construir para derrotar um e outro.

Zé Maria, metalúrgico e presidente nacional do PSTU

 

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