(Fernando Frazão/Agência Brasil)
PSTU-Campinas

A FUP (Federação Única dos Petroleiros) e a FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) não podem repetir o erro da nossa campanha salarial e recuar de uma greve nacional unificada

O governo Bolsonaro tem feito uma série de ataques à Petrobrás. Como não consegue apoio popular para simplesmente vender a empresa, ele adotou a tática de fatiá-la. Colocou à venda as Fábricas de Fertilizantes (FAFEN) e oito refinarias. O governo alega que é necessário vender essas fábricas pelo baixo lucro que dão, assim como vender as refinarias para quebrar o “monopólio” da Petrobrás no refino do petróleo. O que ele não diz é que o país é dependente de importações de fertilizantes, assim como não existe mais monopólio do petróleo no país desde 1997. As empresas multinacionais não entram no mercado brasileiro pelo simples fato de que não querem fazer altos investimentos para produzir no país.

O governo Temer já havia estabelecido uma política de preços baseada no preço do petróleo no mercado internacional (que é muito mais caro do que o que produzimos no país) e na variação do dólar, que tornou viável a importação de combustíveis, pois aumentou o preço dos combustíveis da Petrobrás. Dessa forma, além de fazer valer a pena importar, aumentou o lucro dos acionistas privados.

Os governos de Lula e Dilma, que se diziam defensores da Petrobrás, não reverteram nenhum dos ataques realizados pelos governos anteriores, e seguiram fazendo leilões dos campos de petróleo, além de todo o projeto de venda de ativos de desinvestimento na empresa, isto é, de privatização.

Mas agora, Bolsonaro prepara-se para um ataque ainda maior. Ele ataca em duas frentes: por um lado, torna a vida dos trabalhadores – em especial os que estão em regime de turno – um verdadeiro inferno. Desde a campanha do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), a empresa estabeleceu uma política de não negociar nada. O ACT só foi assinado com a mediação do TST, impondo uma série de perdas aos trabalhadores. Mas, para além disso, a empresa descumpre as cláusulas do acordo que previa negociação prévia com os trabalhadores para fazer qualquer mudança.

A outra frente de ataque do governo é a desmobilização da categoria. Esse governo já declarou em alto e bom som que pretende acabar com o movimento sindical. Dessa forma, não negocia o banco de horas, não negocia a mudança da escala de turnos, não negocia absolutamente nada, só toma decisões unilaterais. Tenta, assim, desmoralizar os sindicatos e desmobilizar a categoria, em especial os setores que mais participam dos movimentos.

Tudo isso com uma motivação estratégica, que é a venda da Petrobrás, ou pelo menos de uma parte dela. O primeiro sinal já foi dado, o governo quer fechar a fábrica de fertilizantes de Araucária – ANSA – com a demissão de cerca de mil trabalhadores, entre próprios e terceirizados.

Não podemos recuar na luta

A FUP (Federação Única dos Petroleiros) e a FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) não devem repetir o erro da nossa campanha salarial e recuar de uma greve nacional unificada. Esse erro já foi cometido na nossa campanha salarial e os resultados são os que estamos vendo agora: ataque aos nossos direitos, decisões unilaterais da empresa, demissões e privatização. Mais que isso, tanto as federações quanto as centrais sindicais já sabiam que esses ataques viriam, a reforma da Previdência foi só o começo. É preciso avançar na organização da nossa categoria e da classe trabalhadora como um todo para derrotar esse governo.

Unidade na luta para barrar os ataques desse governo

Os sindicatos ligados a FUP votaram greve a partir do dia 1 de fevereiro. A motivação da greve é, em primeiro lugar, as demissões dos trabalhadores de Araucária, mas também os ataques cotidianos que a empresa tem feito ao nosso Acordo Coletivo. O Sindicato de Petroleiros do Litoral Paulista também está chamando greve. A Federação Nacional dos Petroleiros está chamando uma jornada de lutas a partir do dia 4 de fevereiro.

Construir a greve nacional petroleira, rumo à greve geral!