Paulo Duque (PMDB-RJ) arquiva as sete acusações que faltavam contra o senadorDois dias depois de mandar arquivar quatro representações contra o presidente do senado, o presidente do Conselho de Ética, senador Paulo Duque, mandou para a gaveta as outras sete acusações que ainda restavam nesse dia 7. Desta vez, porém, Duque sequer teve a preocupação de encenar uma reunião do Conselho para arquivar os pedidos de investigação. Simplesmente, mandou-as arquivar e se recusou a se pronunciar sobre os pareceres. Agora, já não há nada que pese contra o presidente do Senado.

Ao negar as primeiras representações contra Sarney, Duque havia argumentado que elas estavam embasadas apenas em “recortes de jornal”. Indagado sobre os fatos que levaram o Senado à sua maior crise política, Duque reagiu dizendo que o regimento da Casa lhe dava “poderes imperiais” para fazer o que bem entendesse com as denúncias no Conselho de Ética. E foi justamente esse poder imperial que o suplente do suplente do hoje governador João Cabral utilizou.

As denúncias contra Sarney vão de nepotismo a desvios de verbas públicas através de sua fundação no Maranhão. Em seu discurso de defesa, proferido na tribuna do Senado no último dia 5, o presidente do Senado mentiu em diversas ocasiões. Ou “faltou com a verdade”, como diria o hipócrita decoro parlamentar.

Jagunço contra coronel de merda
A tropa de choque de Sarney e a base de Lula aliada passam agora à ofensiva e atacam duramente os que defendem a derrubada do senador. A nova tática vem causando memoráveis bate-bocas no Senado, em que as falcatruas dos parlamentares vêm à tona em meio a xingamentos e troca de acusações.

O mais recente deles ocorreu no dia 6, quando o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) enumerou as denúncias que conteriam sua representação no Conselho de Ética contra o líder tucano Arthur Virgílio. A representação é uma retaliação contra o PSDB devido aos ataques contra Sarney e relembra as irregularidades do tucano, como o empréstimo de 10 mil dólares que Virgílio tomou do ex-Diretor Geral do Senado, Agaciel Maia e o funcionário fantasma que o parlamentar mantinha em seu gabinete.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) foi defender seu companheiro de partido e travou uma dura discussão com Calheiros que expressou bem o nível em que se encontra o Senado. Ao lembrar do jatinho utilizado por Jereissati com custos pagos pelo Senado, o senador cereanse afirmou que não iria aceitar chantagens daquele tipo e chamou Calheiros de “cangaceiro”.

Renan, então, se afastou do microfone e disparou para o tucano: “seu coronel de merda, você é um merda”. Sarney interrompeu a sessão por dois minutos para acalmar os ânimos, mas o estrago já estava feito.

Lula comanda blindagem de Sarney
O clima de guerra no Senado expressa a pior crise política da Casa. Em meio a efusivos bate-bocas, os senadores mandam as aparências às favas e se desnudam à opinião pública, mostrando o que de fato é feito o Senado. Corrupção, privilégios e falcatruas em meio a coronéis e jagunços de terno e gravata.

Lula tenta se manter a uma distância segura, mas é quem comanda de fato toda a baixaria. Parte dele a ordem para a base aliada passar à ofensiva e defender Sarney.