Lamentavelmente, nem governo, nem Petrobrás recuaram na decisão de fatiar a empresa. Com isso, a privatização da maior empresa do país avança. O Conselho da Petrobrás aprovou a venda de pelo menos 25% da BR Distribuidora, unidade de distribuição combustíveis da estatal. A decisão, que teve voto contrário de seu presidente, Murilo Ferreira, foi divulgada em ata publicada na noite de segunda-feira (17).

O plano para abertura de capital e venda de ações da BR Distribuidora foi aprovado pelo Conselho de Administração da Petrobrás em reunião realizada no último dia 6 de agosto. Na ocasião, a estatal não informou qual fatia da empresa seria colocada à venda.

No início de julho, no entanto, o presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine, já havia falado que, a depender dos estudos, a companhia poderia abrir até 25% do capital – e, se possível, ser até mais ousada. O presidente do Conselho, Murilo Ferreira, e o conselheiro que representa os funcionários da Petrobrás, Deyvid Bacelar, votaram contra a abertura de capital.

Ferreira foi contra a venda alegando que decisões adicionais precisam ser tomadas, incluindo a contratação de profissionais com experiência em vendas no varejo e a aprovação de um plano de negócios para a BR Distribuidora, antes que qualquer venda possa ser formatada, segundo a ata.

Bacelar se opôs à proposta dizendo que as condições de mercado não são propícias para uma venda e que a BR Distribuidora pode dar retornos melhores à Petrobrás se o Conselho melhorar a governança ou buscar parcerias em vez de abrir o capital da empresa.

A BR Distribuidora, recentemente avaliada em cerca de US$ 10 bilhões por analistas da UBS Securities, é um patrimônio muito lucrativo. Certamente, será um ótimo negócio para o mercado privado. Para se ter ideia,é   líder do mercado de vendas de combustíveis com 7.931 postos distribuídos em todo o país, vendendo por ano R$ 100 bilhões. Hoje, concentra quase 40% do mercado de combustíveis do Brasil.

O fato é que sob nomes pomposos, como venda de ativos e desinvestimento, a empresa está sendo privatizada. É necessário, mais do que nunca, unificar os 17 sindipetros do país em uma grande greve para barrar os ataques à companhia. Neste sentido, ganha importância fundamental o chamado da FNP à FUP para que deixe as divergências de lado e construa um calendário unificado de mobilização.