Eram quase 8h quando o presidente da Comissão Eleitoral, Ivan Trevisan, anunciou a vitória da Chapa 1, da Conlutas. No entanto, por volta das 6h o resultado já estava definido. Com 69,08% dos votos, a Chapa 1 continua na direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.

A Chapa 1 venceu a eleição em todas as urnas. A Chapa 2, da CUT, ficou com 25% dos votos. A Chapa 3, da Força Sindical, fez 5%. Os votos brancos e nulos somaram 2,54%.

O resultado foi uma vitória não só dos metalúrgicos de São José, mas de todos os trabalhadores brasileiros. A chapa 1 representa a atual diretoria que colocou o sindicato no caminho da resistência e das mobilizações. Foi uma votação histórica e recorde. A Chapa 1 venceu em todas as urnas disponibilizadas nas fábricas, sede e subsedes da categoria. É também a maior votação desde 1997.

O novo vice-presidente, Herbert Claros, metalúrgico da Embraer de apenas 27 anos, declarou que “a vitória da chapa da Conlutas é o prenúncio da vitória que os trabalhadores de todo o país vão ter contra a crise”.

O sindicato transformou-se num símbolo da resistência à crise. No ano passado, sob essa direção, os trabalhadores da GM barraram o banco de horas. Depois, no início de 2008, enfrentaram mais de 800 demissões. A luta da Embraer ainda está em curso, mas uma vitória parcial já foi conquistada com a suspensão de 4.200 demissões, e o sindicato já demonstrou que vai lutar até as últimas consequências pela reintegração.

A cara de luta do sindicato expressou-se, também, no apoio recebido de trabalhadores, estudantes e sindicatos de todo o país. Na arquibancada do Tênis Clube, onde foram contados os votos, os metalúrgico e os apoiadores cantavam palavras-de-ordem empolgados por uma bateria animada: ” eu sou Conlutas, dá-lhe peão / e não aceito nenhuma demissão”; “Parou, parou / demitiu estatizou”. No final, com o resultado já garantido, eles invadiram a quadra cantando e se abraçando.

Graças à escolha dos metalúrgicos de São José dos Campos, os trabalhadores brasileiros continuarão tendo uma referência de luta, mostrando que é possível sim não pagar pela crise. Significa que, pelo menos, nos próximos três anos, os patrões não conseguirão atacar os trabalhadores facilmente diante da crise que tende a se agravar.

Ou, como disse Vivaldo Moreira, o presidente eleito, “dá pra dizer para os trabalhadores do Brasil inteiro hoje eles têm uma referência, basta lutar que é possível vencer”.

TRT
Vivaldo também lembrou que a eleição foi marcada por uma conjuntura diferente, em razão da crise econômica. “Mas durante a eleição não abandonamos a luta. Ao contrário, priorizamos a luta em defesa dos trabalhadores. Esse compromisso continua”, concluiu.

Agora, a luta continua. A Chapa 1 vai manter o Sindicato no caminho da luta contra as demissões, em defesa da estabilidade no emprego, pela redução da jornada sem redução salarial, em defesa dos salários e direitos, pela reestatização da Embraer, entre outras reivindicações a favor dos trabalhadores.

Inclusive, na manhã desta sexta-feira acontece mais um episódio da luta em defesa do emprego. Uma caravana saiu do Sindicato em direção à Campinas para participar da audiência de conciliação no TRT que vai discutir sobre as 4.200 demissões feitas pela Embraer. O atual presidente do Sindicato, Adilson dos Santos, o Índio, e o secretário-geral, Luiz Carlos Prates, o Mancha, sairam mais cedo da apuração para ir junto com o ônibus que levou os trabalhadores ao TRT. Queremos a readmissão de todos os demitidos e a redução da jornada sem redução de salários, entre outras reivindicações.

( Com informações do Sindicato dos Metalúrgicos – www.sindmetalsjc.org.br)