No dia 14 de fevereiro, aconteceu mais uma das reuniões para organizar o ato do Dia Internacional de Luta da Mulher em São Paulo (SP), o maior do Brasil. Na reunião coordenada pela Marcha Mundial de Mulheres (MMM), as trabalhadoras da Coordenação Nacional de Luta (Conlutas) e de diversas categorias estiveram presentes.

Apesar do esforço para construir uma atividade unitária, as mulheres da Conlutas entenderam que não havia mais possibilidades de continuar ao lado da MMM. Durante a reunião, ficou explícito o caráter do ato que a Marcha estava querendo construir. Enquanto a Conlutas compreendia que uma das principais batalhas das mulheres trabalhadoras era lutar contra os ataques que o governo pretende fazer através das reforma previdenciária, sindical e trabalhista, a MMM se colocava ao lado do governo, defendendo apenas algumas palavras-de-ordem genéricas. O eixo da organização governista é “igualdade, autonomia e soberania popular”.

A Conlutas propôs, então, que se fizesse uma série de debates sobre o governo e as reformas para que depois, em conjunto, as organizações e entidades que participam da realização do 8 de Março decidissem. A direção da Marcha não aceitou sequer fazer a discussão sobre o tema governo. De forma burocrática e arbitrária, forçaram uma votação artificial, pois a maioria das organizações presentes era governista.

“A marcha não aceita lutar contra os ataques do governo Lula, não aceita falar do governo Lula. Como pode defender as mulheres, se Lula está retirando seus direitos, acabando com a aposentadoria, mexendo na licença-maternidade?”, disse Janaína Rodrigues, da Conlutas. “Este deve ser um ano para garantir direitos adquiridos e buscar a conquista de outros tantos que nós mulheres ainda não conquistamos”, completa.

Agora, a Conlutas está chamando as organizações de esquerda e entidades de luta a construir um ato que realmente sirva às mulheres trabalhadoras e que combata os ataques do governo. “As companheiras do PSOL são fundamentais nessa construção e achamos que elas devem estar ao lado das mulheres trabalhadoras, que estão nas entidades e nos locais de trabalho e estudo batalhando e não ao lado das governistas”, disse Janaína.