Membros da Chapa 2 comemoram o resultado
Emmanuel Oliveira

Nos dias 11, 12 e 13 de julho, aconteceram as eleições para o Comitê Sindical de Empresa e para a diretoria de base do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região, em São Paulo. A Conlutas concorreu com três chapas (Chapa 2 – Oposição): na Volkswagen, na Ford e em aposentados. Para eleger diretores, o quorum mínimo é de 33%. Na Volks, a chapa da Conlutas obteve 34,53%, conseguindo eleger oito dos 23 diretores. Na Ford, chegou a 31,77%, um bom resultado. Em aposentados, a Chapa 2 obteve 17,23%.

Campanha política e reorganização
A campanha se deu em torno dos problemas da categoria, como as reformas neoliberais. A Volks abriu as portas da empresa para o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e o deputado Vicentinho (PT-SP) fazerem campanha para a chapa cutista nas linhas de produção. Houve até foto do presidente Lula abraçado ao líder da chapa da CUT.

A formação das chapas da Conlutas foi uma história de superação contra os métodos de intimidação física, ameaça por telefones, mentiras e apoio da empresas à chapa da CUT.

Há dois meses, um grupo de trabalhadores reuniu-se na Colutas e definiu a participação no processo eleitoral do sindicato. Durante esse tempo, foram realizadas dezenas de reuniões com ativistas, e vários boletins foram editados. Formaram-se cinco chapas. Foram 60 candidatos, representando 65% de todos os candidatos da categoria.

Intimidação, atentado forjado e mentiras
Faltando três semanas para a eleição, a direção do sindicato forjou um atentado, alegando que a chapa de oposição havia jogado uma bomba no sindicato. O objetivo era colocar a população e os metalúrgicos contra a oposição. Não satisfeita, a diretoria forçou um novo incidente. Dessa vez foram cinco disparos contra o carro do sindicato. O curioso é que as câmeras de vídeos estavam desligadas e os guardas todos jantando. As mentiras ficaram evidentes para os trabalhadores.

Das cinco chapas formadas pela Conlutas, só restaram três, devido à pressão e intimidação do sindicato e da direção da empresa, que ameaçaram demitir os candidatos da oposição. A quantidade de votos nulos, brancos e na chapa 2 de oposição – mesmo sem constar na cédula de votação – deixou evidente na apuração, o repúdio dos trabalhadores.

Na Ford, um grupo de trabalhadores travou um duro combate contra a chapa da Articulação (PT). As ameaças de demissões eram constantes. Foi feito um debate contra as reforma do governo e a prática dos diretores do sindicato de empregarem seus parentes na empresa.

Na Volks, houve uma campanha contra a flexibilização da jornada e dos salários. Foi denunciada, também, a parceria entre sindicato e empresa. Não faltaram agressões físicas por parte da chapa da CUT aos candidatos da chapa 2.

Com os candidatos aposentados não foi diferente. As intimidações foram as mesmas, mas as ameaças eram contra os filhos dos companheiros. Os diretores do sindicato diziam que, se os aposentados não abandonassem a chapa de oposição, seus filhos e parentes seriam demitidos.

A campanha milionária da chapa da CUT teve milhares de camisetas e canetas confeccionadas. Dezenas de táxis ficaram à disposição da chapa, além de “churrascadas” e bebidas pagas pelo sindicato. Foram gastos mais de R$ 200 mil. Enquanto isso, a campanha da oposição recebia ajuda de alguns sindicatos, e os próprios trabalhadores pagavam as suas camisetas.

Papel vergonhoso cumpriu o presidente do Sindicato dos Condutores, ligado à Intersindical. José Carlos apoiou a chapa da CUT e atacou a Conlutas, fazendo campanha na portaria da Volks.

Apuração dos votos
Na apuração foi visível o desconforto do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopes Feijóo, quando foi anunciado o resultado de oito vagas para a oposição na Volks. A notícia chegou após o susto na Ford, onde por apenas 17 votos, a Chapa 2 não fez quatro dos 11 diretores eleitos.

“Ficou a certeza de que a Conlutas na região plantou uma semente que será regada e crescerá forte e vigorosa”, afirmou Santana, da chapa dos aposentados.

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