No anfiteatro da praça, ativistas mulheres e homens da Conlutas e de outras entidades do movimento sindical e popular, mulheres vítimas da violência e dezenas de pessoas participaram do ato cultural em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Enquanto isso, a governadora Ana Júlia Carepa (PT) encenava seu discurso mentiroso em homenagem às mulheres de Belém (PA), num palco cercado de seguranças na Praça da República.

Estiveram presentes, além da Conlutas, entidades como Asfunpapa, Andes, Sintufpa, DCE da UFPA, DCE da UEPA, CPI da Pedofilia, Intersindical, Fórum contra a Criminalização dos Movimentos Sociais, Círculo Palmarino e Construção Civil. O ato foi a demonstração de luta de vários setores da capital paraense em resposta ao ataque do governo do Estado e sua política, bem como a vontade de que essas lutas se unifiquem.

O exemplo disso foi que, no final do ato, foi proposto um calendário de lutas unificado. Para Josi Quemel, do GT de Mulheres da Conlutas do Pará, “essa proposta é muito importante numa conjuntura de crise econômica que estamos vivendo”.

O ato foi muito animado o tempo todo e chamou muito a atenção de quem estava passeando pela praça, não só pelas falas, mas também pelas apresentações musicais. Apresentaram-se no ato a banda de reggae Iara Roots e um grupo de carimbó da cidade de Marituba, região metropolitana de Belém.

Os militantes do PSTU, entre uma fala e outra, animavam o ato com palavras-de-ordem como “a nossa luta é todo dia / eu sou mulher não sou mercadoria”, lembrando que a luta pela emancipação da mulher não deve se restringir apenas ao 8 de março.

Algumas conquistas foram comemoradas no ato. Uma delas foi a ampliação da licença-maternidade de quatro para seis meses aprovada pela Assembléia Legislativa do estado, no último dia 5. Este projeto de lei já existia desde o início do ano passado e estava parado. A Conlutas e a Intersindical pressionaram para que o projeto de lei fosse aprovado e inclusive que também se ampliasse a licença paternidade de cinco para 15 dias. Porém este último não passou na votação.

Denúncias de pedofilia e cobrança por justiça foram colocadas no ato
Não se fala em outra coisa no últimos dias em Belém. As denúncias de pedofilia envolvendo gente poderosa da cidade, como o deputado estadual Luis Afonso Sefer (DEM) e o irmão da governadora Ana Júlia Carepa, João Carlos Carepa, chocaram a cidade e foram lembradas no ato. Mais de vinte novos casos de abusos sexuais contra crianças e adolescentes na capital e no interior do estado estão sendo investigados pela CPI da Pedofilia do Senado e da Assembléia Legislativa.

No ato, todos eram unânimes em dizer que as autoridades precisam investigar estas denúncias e punir os culpados. Documentos foram extraviados, segundo denúncia do senador José Nery do PSOL-PA que faz parte da CPI. Estes documentos estavam ligados à denúncia contra o irmão da governadora, que até agora não falou nada a respeito do caso.

O ato terminou com um panelaço pela praça da República ganhando a simpatia de centenas de pessoas que estavam no local e com palavras-de-ordem: “para as crianças eu quero paz / pedofilia nunca mais”.

LEIA TAMBÉM: