Uma onda de lutas, ainda limitada, mas importante, começa a existir no país. Operários, professores estaduais, funcionalismo federal, estudantes, movimento popular. Em cada cidade, uma ou várias categorias importantes se destacam nas lutas.

Junto com isto, começa a implementação do plano de lutas aprovado no Encontro Nacional contras as reformas do dia 25 de março. Isso inclui a unificação das lutas salariais, a mobilização contra a Super-Receita e a Emenda 3, no dia 23 de abril, a realização de atos de 1º de Maio combativos, a semana de lutas de 21 a 25 de maio.

Os ativistas começam a enfrentar a multiplicidade de tarefas de cada uma das mobilizações de sua categoria ou das mobilizações gerais. No meio de tudo isso, porém, é necessário ter duas posturas centrais.

A primeira é ir para as bases. Esta é uma necessidade cotidiana, uma obrigação para preparar decentemente qualquer mobilização. Mais ainda neste momento, em que é necessário entender o que se passa na cabeça dos milhões de trabalhadores e estudantes. É preciso saber levar a mensagem simples ao conjunto dos trabalhadores: Lula não é o que parece. Ele não representa os nossos interesses, mas os da grande burguesia e de Bush. Vai tentar impor uma dura reforma da Previdência para elevar a idade da aposentadoria para 65 anos.

Saber ouvir é uma virtude que deve ser exercida com toda plenitude agora. É preciso escutar o que dizem os trabalhadores e estudantes em relação a tudo isso. Pode ser que esteja começando uma mudança importante. As pesquisas de popularidade, divulgadas recentemente, indicam que o prestígio do governo Lula continua alto. Mas um dado deve preocupar o governo: a parte da população em que o prestígio de Lula mais caiu foi entre os mais pobres, subindo entre os mais ricos.

Assim, pode ser que, pela base e entre os setores mais explorados, esteja começando a se preparar lutas de maior envergadura contra o governo. Já dá para saber que existe uma fermentação política e um início de radicalização nas bases. Ouvir o que os trabalhadores têm a dizer, dialogar com suas experiências, deve ser qualitativo para estreitar nossa relação com os trabalhadores e estudantes. Os melhores ativistas surgirão destas conversas.

A segunda necessidade é a construção e a afirmação da Conlutas como uma alternativa de esquerda para essas bases. Essa pode ser a grande vitória do movimento sob os dois mandatos governo Lula: a construção de uma nova direção de massas.

Para isso, não basta lutar em cada categoria: é preciso que a Conlutas seja conhecida de todos. É fundamental levar este debate: CUT versus Conlutas para a base de todas as categorias, tanto nas mobilizações salariais como no plano de lutas nacional.

Construir a Conlutas pela base. Essa á palavra de ordem do momento.
Post author Editorial do Opinião Socialista nº 295
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