Na tarde do dia 23 de março, sexta-feira, a Coordenação Nacional de Lutas realizou uma reunião com várias representações internacionais a fim de estreitar relações e trocar experiências na luta contra o neoliberalismo. Além da Conlutas, compareceram o sindicalista haitiano Didier Dominique, do Batalha Operária, o dirigente da COB (Central Operária da Bolívia), Ramiro Condori, além de representantes da Corrente Sindical Classista e Combativa, tendência de oposição à Central Única do Uruguai.

A reunião mostrou que, embora as realidades sejam distintas, os problemas enfrentados pelos trabalhadores dos diferentes países são os mesmos. Ataques aos direitos, traição das direções do movimento de massas e, em último caso, uma aberta intervenção militar imperialista, como é o caso do Haiti.

Unidade continental
Segundo José Maria de Almeida, o Zé Maria, que abriu a reunião, o encontro visava “trocar informações, idéias e aproximar as lutas dos diferentes países”. O dirigente da Conlutas explicou aos sindicalistas estrangeiros todo o processo de adaptação da CUT, que atingiu seu auge com a eleição de Lula, assim como a construção e fortalecimento da Coordenação Nacional de Lutas enquanto alternativa de luta.

Já o dirigente da COB falou sobre a adaptação que grande parte dos dirigentes sindicais e partidos de esquerda do país sofreram ante o aparelho do Estado. “Partidos que antes se denominavam de esquerda estão agora juntos com a oligarquia boliviana, em partidos como Podemos e Mir”, afirmou. No país, os trabalhadores lutam por uma verdadeira nacionalização dos recursos naturais e pelo aumento do salário mínimo, promessa descumprida pelo presidente Evo Morales.

O sindicalista haitiano, Didier Dominique, que percorreu o Brasil denunciando a ocupação militar que seu país sofre, explicou as décadas de pilhagem e exploração que o Haiti sofre nas mãos do imperialismo. “Destruíram toda a produção local para que a mão-de-obra do país não tenha alternativa a não ser aceitar a exploração das multinacionais, principalmente da indústria têxtil”, disse. Didier denunciou também a perseguição sofrida pelos sindicatos. “A burguesia haitiana diz que a vantagem comparativa do país é a mão-de-obra barata, por isso, empreendem uma brutal repressão contra os sindicatos”, afirmou. No país caribenho, o salário médio pago pelas transnacionais é de apenas 1,50-1,65 dólar ao dia.

Já Gustavo Lopez, sindicalista uruguaio da área de transportes e dirigente da Tendência Classista e Combativa, corrente interna da única central sindical do país, PIT CNT, denunciou a Frente Popular que “converteu a esperança dos trabalhadores em frustração”. A corrente empreende no país uma luta encarniçada contra a direção da central e vem avançando.

Quando Bush passou pelo Uruguai, a central e a oposição realizaram mobilizações separadas. No entanto, a oposição, que também denunciou o governo neoliberal de Tabaré Vasquez, reuniu nas ruas tantos ativistas quanto a central, o que significou uma vitória histórica contra a burocracia sindical uruguaia.

Próximos passos
Embora de forma distinta, as experiências trocadas pelos ativistas demonstram que a luta dos trabalhadores latino-americanos é uma só. Por isso, foi aprovada a continuidade do processo de articulação internacional, ampliando esse movimento para os demais países do continente que não puderam ser representados nessa primeira reunião.

Os sindicalistas aprovaram a elaboração de uma pré-convocatória chamando a realização de uma reunião mais ampla, com vistas à preparação de um grande encontro internacional em 2008. A pré-convocatória trará as principais lutas e reivindicações dos trabalhadores no continente, como a nacionalização dos recursos naturais, o não pagamento da dívida externa e a retirada das tropas invasoras do Haiti.

A próxima reunião tem como data indicativa o dia 25 de agosto, em São Paulo.