Coordenação convoca trabalhadores a tomar as ruas contra o governoA Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) reuniu-se nesta quinta-feira, 16 de junho, em Brasília, para debater a crise política aberta no país, após a enxurrada de denúncias de corrupção no governo Lula. A reunião avaliou o impacto do mar de lama na consciência dos trabalhadores e aprovou iniciativas para impulsionar as lutas contra o governo, entre elas, a antecipação da marcha nacional a Brasília, para o dia 17 de agosto.

As entidades presentes avaliaram o enfraquecimento do governo Lula, que se manifestou mais uma vez, enquanto ocorria a reunião, com a renúncia do ministro da Casa Civil, José Dirceu. A crise no governo e na base aliada aumenta a dificuldade para que o governo aprove a reforma Sindical no Congresso Nacional. Por outro lado, as denúncias têm provocado uma onda de indignação na população e de decepção com o governo. Segundo pesquisa de opinião divulgada nesta sexta-feira pelo instituto Datafolha, 56% da população acredita que o PT pagava ‘mensalão’ para parlamentares e 70% considera que há corrupção no governo.

É justamente este sentimento que a Conlutas pretende transformar em mobilização, combatendo a confusão e a falsa divisão entre a oposição burguesa (PSDB/PFL) e os setores ligados ao governo, ambos comprometidos com as políticas do FMI. O objetivo é construir um terceiro pólo neste cenário político, que expresse os interesses dos trabalhadores, já que a CUT, a UNE, o PCdoB e a CMS adotaram a defesa do governo, desprezando a corrupção e enxergando um ‘golpismo’ contra Lula. Segundo José Maria de Almeida, o Zé Maria, “esta campanha visa mais defender o governo do que combater a corrupção. São satélites do pólo representado pelo governo Lula, tentando dar-lhe uma cobertura “de esquerda”.

A campanha da Conlutas, por outro lado, terá outras bandeiras. Um manifesto nacional denunciará a corrupção, exigirá apuração rigorosa e punição para corruptos e corruptores, além de denunciar as reformas do governo, o desemprego e o arrocho salarial e a farsa da reforma agrária. Os trabalhadores estarão tomando as ruas, em atos e mobilizações. A Conlutas orienta que as categorias em luta, como o funcionalismo público, incorporem a luta contra a corrupção. Uma das iniciativas que devem ser difundidas país afora é a realização de festas juninas, com o nome ‘Quadrilha do Mensalão’. A convocação da marcha também será reforçada com a distribuição de 1,5 milhão de exemplares de uma nova edição do Jornal da Conlutas.

A reunião também confirmou a realização do próximo Encontro Nacional da Conlutas, no dia seguinte a marcha de Brasília. O encontro, no dia 18 de agosto, será aberto e definirá a data e os critérios para o I Congresso Nacional da Conlutas.