A crise já é uma realidade que afeta milhares de trabalhadores. Centrais como CUT e Força Sindical fazem uma campanha em defesa dos subsídios do governo Lula a bancos e empresas. A Conlutas, ao contrário, discutiu a crise em sua mais recente reunião nacional, entre 11 e 13 de novembro em Brasília, e definiu um programa para enfrentá-la a partir da perspectiva dos trabalhadores.

Entre os principais pontos do programa da Conlutas para a crise está a exigência de que o governo Lula decrete a estabilidade nos empregos e estatize as empresas que insistirem em demitir. A reunião da Coordenação Nacional aprovou ainda um manifesto convocando uma luta conjunta entre todos os setores. Além da Intersindical, o chamado se estende à UNE, MST, CUT e Força Sindical, para que rompam com governo e garantam uma unidade na luta contra as demissões.

O manifesto condena os bilhões destinados pelo governo Lula aos bancos e empresas. Defende ainda a redução da jornada de trabalho sem redução dos salários e direitos. Ou seja, é um verdadeiro programa dos trabalhadores contra a crise, afirmando que “os ricos devem pagar pela crise”, apontando outra perspectiva, uma perspectiva socialista.

“Os patrões e o governo Lula tomam medidas para que sejamos nós, os trabalhadores, a pagarmos o preço desta crise. Nós apresentamos outra saída, uma saída dos trabalhadores, para que sejam os ricos, os grandes capitalistas os que arquem com as conseqüências de sua ganância. Uma saída que defenda os interesses dos trabalhadores contra os patrões e que defenda também os interesses do nosso país frente ao imperialismo. Que evite o aprofundamento da exploração e da barbárie, e que seja parte da defesa de uma nova sociedade, socialista.”, afirma o manifesto, que também serviu como carta aberta aos trabalhadores, suas organizações e a juventude.

Nas fábricas
A campanha já está nas ruas. Um jornal especial sobre a crise está sendo amplamente divulgado entre os metalúrgicos da GM, ponta de lança da crise na indústria automobilística e que já colocou mais de 8 mil trabalhadores em férias coletivas. O jornal denuncia os R$ 4 bilhões dados pelo governo Lula às montadoras, enquanto os trabalhadores amargam a indiferença e o medo de perder seus empregos.

O próprio presidente da montadora no país, Jaime Ardila, reconhece que 2008 será o melhor ano da empresa, apesar da crise. “Será o melhor da nossa história. Vamos aumentar a receita e a produção de 15% a 20%”, chegou a afirmar em entrevista à Folha de S. Paulo. Apesar disso e dos recursos do governo, a montadora ameaça demitir.

Além da denúncia das demissões e a exigência para que seja mantida a estabilidade, a Conlutas defende a redução da jornada de trabalho para 36 horas e o fim das remessas de lucro ao exterior. O jornal está sendo distribuído nas fábricas de São José dos Campos, São Caetano do Sul, Mogi das Cruzes e Gravataí.

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