Protesto será nesta sexta-feira, dia 31, às 18h, no campus ButantãO Centro Acadêmico da Faculade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) foi palco de um escandaloso episódio de homofobia no último dia 10.

Durante uma festa realizada por esta entidade, dois rapazes dançavam e beijavam-se quando foram expulsos pelo DJ, que parou o som e acendeu as luzes. Ameaças de agressão física partiram de outros participantes, em uníssono à violência orquestrada pelo DJ que além de tocar shows de preconceito e discriminação é o presidente do Centro Acadêmido.

Infelizmente, os hits da homofobia acompanham manifestações públicas de afeto entre pessoas do mesmo sexo. Muitos gays e lésbicas sequer ousariam beijar-se temendo manifestações de não-aceitação que vão desde desagradáveis comentários à agressões físicas – o que leva à omissão e à exclusão.

No entanto, o caso em questão não vem somar-se às corriqueiras práticas homofóbicas que temos de enfrentar cotidianamente. É ainda mais sério, pois é protagonizado justamente por quem está à frente dos estudantes, dirigindo uma entidade do movimento estudantil e que deveria, portanto, defender os seus direitos.

Essa contradição é inaceitável e não pode deixar de ter conseqüências. O silêncio perpetua o preconceito e provoca retrocesso ideológico.

O CA da Veterinária justifica a atitude do DJ e daqueles que o apoiaram dizendo que são contra “pegação” nas festas, inclusive entre os heterossexuais, e, por isso, não se tratou de homofobia. Essa postura pseudo-moralista e informal mostra o descaso e o caráter da entidade. O DCE da USP, até agora, não tomou qualquer atitude diante do caso. Exigimos que se posicionem.

Alguns estudantes da USP reivindicam que a reitoria tome providências, que os membros do CA da veterinária façam uma retratação pública e promovam uma festa da diversidade sexual. Assim, estariam desculpados e estaria solucionada a questão.

Nós, da Conlutas, achamos que os membros do CA devem ser punidos e que não podem seguir representando os estudantes. Porém é o próprio movimento estudantil quem deve ditar suas regras e sua dinâmica. Ele deve ser independente para ser combativo. As intervenções da reitoria no movimento estudantil ocorrem no sentido de nos desestruturar e nos reprimir.

Há um grande debate não só no campos da USP como em praticamente todas universidades públicas sobre os ataques à liberdade de organização. As reitorias retiram os espaços dos estudantes, punem aqueles que realizam eventos, fazem perseguição política de diversas formas para impor a desmobilização.

É dever de todos que lutam por um outro modelo de universidade, que não produza e reproduza as mazelas socias, denunciar as direções que não nos servem. Sabemos que o capitalismo se utiliza da repressão e da opressão (não só da homofobia, mas também do machismo e do racismo) para garantir a exploração.

No ano passado, os estudantes ocuparam a reitoria da USP e serviram de exemplo para os estudantes do resto do país, que mostraram sua força e impuseram uma derrota aos planos neoliberais. Eles resistiram na defesa de uma universidade pública, gratuita e de qualidade para todos.

Neste sentido, convocamos todos aqueles, independentemente de sua orientação sexual, que se indignaram diante do ocorrido na festa do dia 10 e seu significado a participarem de um grande “Beijaço” em protesto.

Moções de repúdio ao acontecido devem ser enviadas para [email protected].

BEIJAÇO
USP São Paulo
Campus Butantã, em frente à FEA
Dia 31/10 (sexta-feira), às 22h