Toda semana, uma avalanche de escândalos recai sobre Brasília. Enquanto governo e partidos da oposição burguesa fazem de tudo para abafá-los, o mar de lama continua e desgasta profundamente as instituições da democracia dos ricos, expondo sua falência.

Para tentar impedir que o avanço das investigações aprofunde a crise do governo, o presidente Lula fez uma explícita defesa do corrupto presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), acusado de ter recorrido ao lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, para pagar a pensão de sua filha com uma jornalista. O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que possui muitos conhecimentos em matéria de roubalheira, resumiu com precisão a situação de Lula: “o Renan foi ao Lula e disse: se me entregarem, eu entrego vocês”. A preocupação do presidente é que as investigações revelem todas as negociatas de sua base parlamentar, especialmente do PMDB. Uma pesquisa realizada pelo site Congresso em Foco revelou que 85% dos senadores do partido estão sofrendo algum tipo de processo na Justiça.

Manobras
Ao longo da semana, uma tropa de choque de senadores atuou no sentido de impedir a queda de Renan. O circo para absolvê-lo envolve figurões do PT, como a senadora Ideli Salvatti (SC), e também da oposição burguesa, como o senador Arthur Virgílio (PSDB).

Em nova manobra parlamentar, o presidente do Conselho de Ética, Sibá Machado (PT-AC), renunciou ao cargo. O objetivo era aumentar o prazo de votação no conselho sobre o caso Renan. Machado foi substituído pelo senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), mas, antes mesmo de ser empossado, o peemedebista teve de explicar uma longa lista de escândalos de corrupção em que está envolvido. O novo presidente do Conselho de “Ética” enfrenta processos no Supremo Tribunal Federal e na Procuradoria Geral da República, que incluem corrupção como parlamentar, estelionato, fraude, peculato e formação de quadrilha.

O senador também é especialista no troca-troca de legendas. Já passou pelo PFL, foi para o PMDB, entrou no PCdoB – que festejou com ardor a adesão do “comunista” – e logo retornou ao PMDB. Com mais uma manobra, Quintanilha devolveu à Mesa Diretora do Senado (ou seja, ao próprio Renan) o processo por quebra de decoro parlamentar contra seu presidente. Isso abre caminho para o arquivamento do processo.

Desgaste
Se a operação livra a cara dos corruptos parlamentares, por outro lado ela aprofunda o desgaste do Congresso. Uma pesquisa realizada pela USP confirma que 76% da população não confia na Casa. Não poderia ser diferente. Segundo o STF, dos 242 deputados federais eleitos no ano passado e que não tinham mandato na legislatura anterior, 28 já respondem a ações penais e inquéritos.

Os trabalhadores não devem depositar nenhuma confiança neste Congresso de picaretas. As sucessões de escândalos mostram que todas as investigações realizadas por CPIs terminaram em pizza. No caso dos senadores Renan e Joaquim Roriz (PMDB-DF), é preciso cassar imediatamente seus mandatos, pois há provas mais do que suficientes da roubalheira que praticaram.

Defendemos, também, a abertura do sigilo fiscal e bancário dos acusados e das grandes empresas, além da prisão e do confisco dos bens de todos os corruptos e corruptores.
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