Entre os dias 12 e 15 de maio, realizou-se o V Congresso dos Estudantes da UFBa, que teve como tema “Movimento Estudantil e Reforma Universitária: lute agora ou cale-se para sempre”. O evento foi construído pela base e teve o boicote do PT (inclusive de toda a esquerda petista) e do PCdoB, que estavam preocupados com a eleição de delegados para os congressos da UNE e da UEB (União dos Estudantes da Bahia), que renascerá já burocratizada, com todos os seus cargos já divididos entre o PCdoB, o PT e a direita.

Apesar do boicote, o Congresso contou com a participação de 700 estudantes e 170 delegados, número maior que o último Congresso, ocorrido em 2000 e organizado pelas forças que tentaram deslegitimar o atual. Entre as resoluções estão: Apoio às lutas e às forças revolucionárias na América Latina. Por uma América Latina soberana e Socialista; Não ao pagamento da dívida externa e ao superávit primário; Pela retirada imediata das tropas brasileiras no Haiti; Pela saída de Lúcio Gutierrez do Brasil; Não à ALCA e ao FMI: Plebicito oficial já!; Assumir posicionamento contrário às reformas do Governo Lula e defesa de 0% de investimento estrangeiro nas IES; Não a essa Reforma Sindical; Inciar na base o debate sobre o papel da UNE no ME e encaminhar a necessidade ou não de romper; Criação de comitês contra as reformas do governo federal, comprometida a criar um calendário de lutas.

Diversos outros temas foram debatidos, como Gênero e Diversidade Sexual; Financiamento do Movimento Estudantil; Relações Étnicas, ME e partidos políticos, que contaram com uma grande participação dos estudantes. No debate sobre “Movimento Estudantil: Concepçãp e Perspectivas”, Nericilda Rocha, representando a Coordenação de Lutas dos Estudantes (Conlute), mostrou o papel governista que cumpre a UNE e convocou a todos aqueles que querem construir a luta para barrar a Reforma Universitária a romperam com a UNE e se organizarem em Comitês de cursos contra a reforma, que teve como resposta da plenária calorosos aplausos.

O fato lamentável desse Congresso foi quando, no ponto que descutia Estatuto, o PCdoB e a esquerda do PT, juntos, tentaram implodir o Congresso, sendo que o campo Contraponto, através de seu diretor da “esquerda” da UNE, foi quem proferiu um discurso chamando o Congresso de antidemocrático e burocrático, por não conseguir manter, através do estatuto, a forma burocrática e centralizadora como funcionava o DCE. O mesmo diretor da UNE (e da APS), após ele e sua corrente terem participado do Congresso e votado na plenaria final, declarou que o Congresso não tinha validade, esquecendo que o regimento de tal Congresso foi debatido e deliberado em um Conselho de Entidades de Base, instância superior do movimento estudantil e que em nenhum momento do Congresso ou antes dele, houve questionamento sobre o mesmo.

O interessante é que esses mesmos setores que acusam de divisionistas os que querem construir uma alternativa de luta (a CONLUTE) à UNE, dividem o Movimento Estudantil em um Congresso Representativo, construído pela base, que visava organizar a luta. Ou seja, para eles a unidade é no aparato e não na luta.

Mesmo assim o Congresso continuou, com quorum válido, e foi um sucesso. E serviu para desmascarar aqueles que reivindicam unidade do movimento estudantil pelas entidades e não pela base e pela organização da luta