Quem analisar apenas as resoluções não vai ter idéia do que foi o 22º Congresso da Apeoesp, ocorrido nos dias 7, 8 e 9 em Serra Negra (SP). Além das manobras burocráticas de praxe, impostas pela direção majoritária do sindicato para esvaziar as discussões políticas, os delegados também puderam presenciar o crescimento da Oposição Alternativa, assim como a profunda crise que se abate sobre as duas maiores correntes do sindicato, a ArtSind e a ArtNova, dois braços da Articulação Sindical na categoria.

Tentando restringir a participação dos professores, assim como o crescimento da oposição, a direção do sindicato aprovou no congresso passado a diminuição do número de delegados. A eleição de delegados estipulada foi de um delegado para cada 70 professores. Neste congresso participaram 2.200 delegados, mil a menos do que no anterior.

Mesmo assim, a Alternativa teve um importante crescimento, representando cerca de 30% de todo o congresso. No anterior, a oposição somava 25% dos delegados.

Congresso burocratizado
A fim de diminuir qualquer discussão política, a Articulação realizou todo o congresso em apenas três dias. Os grupos de discussão ficaram restritos ao primeiro dia, pois a direção queria realizar a convenção cutista no final de semana seguinte. Desta forma, poderiam levar à convenção bem mais pessoas do que normalmente conseguiriam. Mesmo assim, a direção mostrou suas profundas divisões internas, frutos de uma disputa encarniçada pelo controle do aparato.

Um dos principais objetivos da burocracia neste congresso era aprovar uma medida que aumentaria os cargos da direção executiva da entidade, dos atuais 27 membros para 35. Assim, as duas facções da Articulação poderiam ter a grande maioria dos cargos da direção. No entanto, as brigas fratricidas da direção impediram a votação da proposta, frustrando as expectativas dos burocratas.

Além das disputas internas por cargos e privilégios, outro fator que aprofunda a crise da direção é o crescimento da Oposição Alternativa e da própria Conlutas na categoria. A direção da CUT acredita que o atual grupo dirigente, encabeçado por Carlos Ramires de Castro, o Carlão, não está conseguindo segurar a construção da Conlutas entre os professores.

Porém o crescimento da Conlutas e da Oposição reflete o desgaste dessa direção atrelada ao governo, assim como a necessidade de uma real alternativa de luta.

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