Estudante é arrastado pelas escadas por seguranças
Agência Brasil

Truculência é pouco para definir a repressão desencadeada contra estudantes nas galerias do Congresso Nacional, durante a sessão em que Severino Cavalcanti apresentou sua renúncia. E não foi apenas dentro das galerias que os estudantes foram agredidos. A brutalidade começou já do lado de fora, quando um grupo de cerca de 70 pessoas tentou acompanhar a sessão.

Os estudantes e professores da UnB (Universidade de Brasília) que foram ao Congresso, estão em greve há vários dias e tentaram organizar uma manifestação em defesa do ensino público e contra a corrupção, após o termino de uma assembléia estudantil. Um grupo de estudantes conseguiu entrar nas galerias da Câmara dos Deputados para acompanhar o pronunciamento de Severino. A maioria, contudo, ficou impedida de entrar pelos seguranças da casa que alegavam não “ter mais espaço” nas galerias. Indignados, os manifestantes tentaram entrar a força e foram agredidos.
Imediatamente após o término do discurso de Severino, ecoou o grito: “cai fora, Severino. Já vai tarde”, dito pela professora de sociologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Wilma Pessoa. Ela foi seguida por palavras de ordem que entoavam: “É mensalinho, é mensalão, queremos verba para a educação“.

Sem hesitar, José Thomas Nono (PFL), que assumiu interinamente a presidência da Câmara no lugar de Severino, mandou a segurança esvaziar as galerias. Foi sua primeira medida como presidente. Também foi a senha para que os seguranças baixassem o sarrafo nos manifestantes.

Antes mesmo da ordem de Nonô, os estudantes estavam percebendo as intenções dos seguranças. “No discurso de Severino, percebíamos já a movimentação dos agentes da Câmara nos cercando”, afirma Guilherme Aranha, do Centro Acadêmico de Geografia da UnB e militante do PSTU. Guilherme ainda relata que, quando os estudantes levantaram três faixas de protesto, os seguranças partiram para cima destruindo tudo: “Um segurança veio por traz de mim e me deu um ‘mata leão´”. Numa tentativa de obrigar os agentes a soltá-lo, os estudantes abraçaram Guilherme, enquanto outros sentavam no chão. “Aí começou a pancadaria, atiraram até mulheres pela escada abaixo”, relata o estudante. Entre socos e chutes, sobraram agressões até para fotógrafos e jornalistas.

Nos subterrâneos do Congresso
Os seguranças conseguiram retirar três estudantes das galerias, entre eles Guilherme, e os levaram para uma “salinha” dentro da Câmara. “Prenderam e jogaram todo mundo dentro da salinha. Aí um segurança começou a tirar a gravata, tirou o relógio, o distintivo de identificação e pegou uma máquina de choque elétrico na mão”. O relato estarrecedor é de Guilherme, que continua: “nesse momento entraram outros policiais (da Câmara) e também dois deputados que impediram o começo da sessão de tortura”. Os deputados, que Guilherme acabou não reconhecendo, retiraram os três estudantes imediatamente da sala e os conduziram até um saguão onde manifestantes, muitos deles feridos, gritavam: “esse Congresso é do mensalão, não vai prender nenhum ladrão”. Na saída, mais uma ameaça: “muitos seguranças disseram que iriam pegar a gente lá fora, ameaçaram até com um corredor polonês”. A presença de fotógrafos e jornalistas, felizmente, impediu que as ameaças se concretizassem. Alguns estudantes fizeram exame de corpo-delito e estão denunciando as agressões no Congresso.

Congresso Nacional: braço forte e mensalão amigo
A instituição mais desmoralizada da República não tem limites. Além de roubarem descaradamente o dinheiro do povo, mandam bater em estudantes. Pior, os deputados cultivam uma sala para torturar manifestantes. Enquanto isso, os ladrões e bandidos, que compões a maioria esmagadora da casa, seguem impunes, sem serem incomodados pela Justiça, Polícia etc. A pizza assa e ninguém será punido. Afinal, ladrão que julga ladrão tem cem anos de perdão. Por isso que os dizeres de uma das faixas destruídas pelos seguranças está certo: Fora Todos! Fora Lula, Congresso, PSDB, PFL…(as reticências não são um mero detalhe). Esse grito deve ecoar nas ruas e derrubar esse Congresso de picaretas e trogloditas.