Reunidos em congresso na capital baiana, docentes das instituições de ensino superior de todo o país acenam com paralisação para conter mudanças que o governo pretende implantarOs professores das universidades federais poderão entrar em greve em abril. Este e outros temas polêmicos foram discutidos no 23º Congresso Nacional do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), entre os dias 4 e 9 de março.

A reforma Universitária foi o tema principal do encontro. Os sindicalistas ressaltaram a necessidade de barrar as mudanças que o governo pretende implantar no setor, as quais avaliam como um aprofundamento da privatização e da mercantilização do ensino público superior. Eles pretendem começar, já a partir do próximo mês, uma greve também visando ao embate com as reformas Sindical e Trabalhista. Os docentes acham as três reformas lesivas aos trabalhadores.

Entidade coloca em debate desfiliação da CUT

Além das entidades representativas dos trabalhadores e dos estudantes, os 377 delegados, 54 observadores e os dois convidados reforçaram o entendimento de que a educação de qualidade, pública, gratuita, laica e socialmente referenciada é uma questão de soberania nacional. O congresso, que teve como tema principal o “Superávit Fiscal e Déficit Social: Reforma da Educação, Privatização e Arrocho Salarial”, debateu a elaboração de propostas alternativas às do governo para o setor e definiu as estratégias de luta que nortearão o Sindicato em 2004.

Além da discussão sobre as cotas para negros nas universidades, os sindicalistas do ANDES-SN também vêm discutindo a possibilidade de desfiliação do sindicato da CUT. E não só os docentes. Com a desilusão que tiveram em um ano de governo Lula, os servidores públicos iniciaram uma discussão que pode resultar numa desfiliação em massa da central.

Eles argumentam que a direção atual da CUT não está interessada em representar o movimento sindical e citam como exemplo o posicionamento da direção da central na época da reforma da Previdência.

A resolução aprovada no plenário, por maioria, foi abrir nos próximos meses o debate na categoria sobre qual deve ser a relação do ANDES-SN com a CUT, prevendo a possibilidade de um Congresso Extraordinário para deliberar sobre o tema.

Protesto com tempero baiano

Na tarde do dia 5 de março, uma sexta-feira, cerca de mil pessoas foram às ruas de Salvador em uma marcha contra a reforma Universitária e em defesa de moradia e de universidade pública.

A marcha saiu do Palácio da Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e seguiu pelo Centro até a Praça da Piedade.

Com bandeiras, faixas, cartazes e gritando palavras de ordem, sob o slogan “nossa luta exige solução, teto, emprego e educação”, os manifestantes criticaram a reforma Universitária e a falta de compromisso do governo com os trabalhadores.
Post author Carla Lisboa, especial para o Opinião Socialista
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