Num momento de relativa e aparente estabilidade política, quando o governo Lula ameaçava ir com tudo na aprovação de ataques aos trabalhadores como o PAC e a reforma da Previdência, o escândalo revela a podridão do Congresso. Se no caso do mensalão as investigações da CPI não deram em nada, é improvável que se puna alguém agora. As denúncias envolvem tanto os partidos da base aliada do governo, quanto à oposição de direita.

Prova disso é a disposição de governistas e oposição em se juntarem para condenar os supostos “exageros” cometidos pela PF na investigação dos casos de fraude. Por outro lado, nenhum desses senhores qualifica como exageros, por exemplo, as ações do “caveirão” nas favelas cariocas. Estuda-se, inclusive, a possibilidade de a PF deixar de utilizar algemas na prisão de gente graúda, institucionalizando, assim, duas classes de “delinqüentes”: os pobres reprimidos e mortos pela Polícia Militar, e os bandidos de “colarinho branco”, transportados confortavelmente pela PF.

Prisão de corruptos e corruptores
Não é possível acreditar que o Congresso de picaretas vá investigar e julgar os envolvidos. A instalação de uma CPI será apenas um capítulo de uma disputa de holofotes entre governistas e oposição de direita, apoiada num acordo de impunidade.

É necessário realizar uma investigação independente das denúncias e garantir a prisão de corruptos e corruptores. É justamente o oposto do que vem ocorrendo, com um festival de habeas corpus liberando os envolvidos.

O esquema de corrupção não é privilégio da Gautama. Novas denúncias mostram que outras empreiteiras estão envolvidas, mostrando que o setor é um dos maiores responsáveis pela corrupção no país. São as grandes empresas que pagam os verdadeiros salários dos deputados lobistas, empenhados nas fraudes de licitações. É preciso uma investigação da contas dessas empresas e dos bancos e a quebra do sigilo bancário de todos os seus diretores, deputados e funcionários do alto escalão do governo.
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