No mesmo dia conhecidos corruptos retornam ao CongressoO deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) é o novo presidente da Câmara Federal. O ex-líder governista venceu o também governista Aldo Rebelo (PCdoB-SP) no segundo turno das eleições por um placar apertado de 261 votos contra 243 do adversário.

O petista garantiu sua vitória graças a um acordo com os governadores do PSDB, José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais), que orientaram seus deputados tucanos a votarem em Chinaglia no segundo turno das eleições. Mirando as eleições presidenciais de 2010, os dois governadores procuraram estabelecer um acordo com PT em troca de favores do governo federal. Metade da bancada tucana ligada aos governadores votou em Chinaglia. O acordo também entregou a vice-presidência da Câmara ao deputado do PSDB, Nárcio Rodrigues. No entanto, o acordo trouxe problemas para o PSDB e expôs sua crise e divisão.

Pensaram também na eleição de Chinaglia as negociatas envolvendo loteamento de cargos nos ministérios e estatais e a liberação de verba do governo para comprar o voto dos picaretas. Exemplo disso foi que um assessor do ministro Tarso Genro passou parte da manhã negociando os votos de alguns deputados em troca de liberação de recursos.

Teve quem se incomodasse com a rapidez da votação eletrônica. O presidente do PMDB, deputado Michel Temer, declarou que a nova forma de votar dificulta as negociatas entre os candidatos. Como se pode ver, o chamado “novo Congresso” mal tomou posse e já protagonizou seu primeiro show de corrupção.

‘Novo Congresso’, velhos corruptos
Momentos antes das eleições, os novos deputados e senadores tomaram posse de seus mandatos. A grande imprensa tentou apresentar o episódio como um “exemplo de renovação” do parlamento. Uma verdadeira piada de mau gosto. A posse reuniu velhos medalhões da corrupção, como o ex-presidente Collor, Paulo Maluf e os novos expoentes da trambicagem, como o ex-ministro Antônio Palocci além de dezenas de mensaleiros e sanguessugas.

Sentindo-se em casa, Maluf chegou a declarar que “em quarenta anos de vida pública” foi que mais sofreu acusações e disse que pode garantir ser “o mais puro” político do país. Só se for “pura” roubalheira. Maluf cumprimentou Chinaglia pela vitória dando-lhe um beijo na testa.

O retorno destes picaretas ao Congresso deixa claro o mecanismo viciado das eleições. Apoiados por uma imensa máquina eleitoral, que garante o clientelismo e financiamentos milionários para as suas campanhas por empresários, políticos corruptos terminam se elegendo.

Disputa pelos cargos
Por trás da eleição da Câmara, estava sendo travada uma luta entre dois blocos governistas pelos cargos ministeriais. Entretanto, não se trata de uma “disputa” pelos rumos do segundo mandato. PT e PMDB simplesmente disputam com PCdoB, PSB e PDT as generosas verbas do aparato do Estado.

A eleição de Chinaglia foi uma vitória do PT (especialmente da ala paulista do partido, quase destroçada pelo escândalo do mensalão).

Por outro lado, a vitória na Câmara e a reeleição de Renan Calheiros (PMDB-AL), aliado do governo, à presidência do Senado, também expressam um maior peso de Lula na instituição após a vitória eleitoral em outubro e a adesão do PMDB ao governo.

Mas a disputa pelos cargos dividiu a base do governo e não terminou. Para remediar a divisão, Lula vai acomodar seus aliados na distribuição geral de cargos nas estatais e nos ministérios. Nessa história todos são parceiros no apoio às reformas neoliberais do governo.
Post author
Publication Date