Nos dias 27 e 28 de setembro, foi realizado o 3º Congresso de Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Na sexta-feira à noite, a abertura do congresso iniciou com uma saudação das entidades e com um vídeo produzido sobre a ocupação da reitoria da universidade no primeiro semestre.

Ainda no primeiro dia, ocorreu a discussão sobre democracia na universidade, com a presença de representantes da reitoria, da Associação de Docentes da UFRGS (ADUFRGS), do Andes e do Diretório Central de Estudantes (DCE). No sábado, foi a vez dos estudantes discutirem, pela parte da manhã, o decreto Reuni do governo Lula e suas conseqüências para a universidade pública. Participaram dessa mesa o Andes, o DCE e o Movimento Universidade Popular (MUP). O Ministério da Educação e Cultura (MEC) foi convidado, mas, como de costume, fugiu do debate e não compareceu.

Após o almoço, os estudantes se reuniram novamente, em torno da mesa sobre movimento estudantil nacional, com a participação da Conlute, da UJS e do DCE. Por volta das 18h, teve início a plenária final, em que foram votadas as resoluções apresentadas pelos grupos de discussão.

O congresso foi um grande sucesso, contando com a participação de mais de 150 estudantes, entre eles delegados e observadores. Foi uma verdadeira demonstração de democracia operária na universidade. A atual gestão do DCE, formada por militantes da FOE, da Conlute e independentes, passou em dezenas de salas de aula, de praticamente todos os cursos da universidade, para divulgar a luta contra o Reuni e o próprio congresso, que girou em torno da preparação da luta contra o decreto do governo Lula.

Em apenas três dias, na semana anterior ao congresso, foram coletadas mais de 1.400 assinaturas entre os estudantes, exigindo da reitoria que consulte a posição de toda a comunidade acadêmica antes de aprovar o Reuni na UFRGS.

A plenária final foi uma grande vitória de todos os lutadores da Frente de Luta Contra a Reforma Universitária. Mais uma vez, se fortaleceu a unidade para deter o sucateamento da universidade pública imposto pelo governo federal. O congresso aprovou, como centro da atual gestão do DCE, a mobilização para barrar o Reuni. Também se deliberou pela construção e participação na marcha à Brasília, no dia 24 de outubro, em parceria com o Andes.

No final do congresso, os estudantes, mesmo cansados pela maratona exaustiva de discussões, deram mais uma mostra de democracia e de esforço na construção de uma saída unitária pro movimento estudantil combativo, que possa superar a burocracia e o peleguismo da UNE. Os estudantes aprovaram a participação do DCE nos fóruns da Conlute como entidade observadora, uma grande vitória para todos os ativistas, rumo a uma nova direção para um novo movimento estudantil, surgido das ocupações que incediaram o primeiro semestre.

Como saldo do congresso, o governo, junto com seus agentes da direção majoritária da UNE, saem derrotados. Agora é ampliar a mobilização contra o Reuni, e realizar em toda a universidade assembléias por cursos que apontem a luta contra o decreto do governo. Agora é preparar a marcha a Brasília e barrar o Reuni no Brasil inteiro.

*Thiago Mattos é estudante de Ciências Sociais da UFRGS, membro da diretoria do DCE e do Movimento Contracorrente.