O governo Lula tem como um de seus maiores cabos eleitorais a Petrobras. Busca apresentá-la como um exemplo de empresa brasileira eficiente e que alcançou a auto-suficiência na produção de petróleo. Mas coisas não são bem assim. Hoje a maioria dos petroleiros no país é composta por trabalhadores terceirizados. São 160 mil, contra 60 mil petroleiros da Petrobras. Os terceirizados ganham salários que chegam a R$ 400 e não recebem as polpudas PLRs (participação nos lucros e resultados).
Para piorar, a empresa agora ataca os direitos dos aposentados e explora os trabalhadores dos outros países, como faz na Bolívia.

Junto com isso, a Petrobras vem sendo sistematicamente privatizada. A maioria do capital votante ainda está nas mãos do Estado brasileiro, por isso ela continua sendo uma empresa estatal. Contudo, a maioria das ações da Petrobras já está nas mãos de outras empresas de capital privado. Destas, cerca de 50% estão nas mãos de investidores internacionais. Isso significa que os acionistas da Bolsa de Valores de Nova York determinam a política econômica da empresa, que, por sua vez, é implementada pelo governo federal.

São eles que exigem o aumento das terceirizações e a superexploração dos trabalhadores, querem acabar com o Plano Petros BD, exigem modificações no Plano de Cargos e o fim do reajuste aos aposentados vinculado à tabela salarial do ACT.

Uma correia de transmissão do governo
Como se não bastasse a política do governo Lula, a direção da Federação Única dos Petroleiros (FUP), formada pela Articulação Sindical, passou a ser uma ardorosa defensora do governo na base da categoria. A FUP coloca hoje os interesses do governo federal e da empresa acima dos interesses dos petroleiros. Defende as propostas da empresa como se fosse o seu diretor de recursos humanos.

Recentemente a direção assinou um acordo de “Obrigações Recíprocas”, onde se compromete a defender a proposta da Petrobras e abrir mão dos direitos dos trabalhadores, inclusive retirando os processos do Judiciário.

Isso ocorre porque existe uma integração absoluta entre os dirigentes da federação e a direção da empresa, onde muitos ex-dirigentes sindicais ocupam cargos de confiança, criando assim uma relação de promiscuidade com os atuais dirigentes sindicais.

Congresso da FUP está fraudado
Para garantir a aplicação de sua política governista sem ter a maioria da base da categoria, a direção da FUP optou por fraudar o congresso (CONFUP). O cardápio de irregularidades é bastante farto.

Em todo o país, as oposições já elegeram 40% dos delegados do 120 CONFUP. A maioria dos delegados de São Paulo e do Rio de Janeiro é de forças políticas que fazem oposição à direção da FUP.

Com isso, não haveria a festa da candidatura de Lula no congresso e a direção seria derrotada em sua política de repactuação do plano previdenciário, sua grande bandeira. Isso porque nem os delegados da maioria concordam com essa proposta.

Para garantir a maioria no congresso, a direção resolveu não reconhecer os dirigente da FUP eleitos pela oposição no 100 Congresso da Federação, realizado de 2004. Isso porque a oposição defendeu na ocasião a desfiliação da CUT. Também não reconhecem os delegados eleitos pela nova direção do sindicato do Litoral Paulista, cuja eleição foi realizada em uma nova assembléia democrática.

Além disso, fraudaram a eleição dos delegados no Sindicato Unificado de São Paulo, realizando assembléias fantasmas que chegaram até o Triângulo Mineiro. Do mesmo modo, fraudaram a delegação do sindicato do Amazonas e do Pará, aumentando a quantidade de delegados da Articulação sem a realização de assembléias. No Norte Fluminense, realizaram assembléias às escondidas e fora do prazo.

Em Alagoas e Sergipe, onde o sindicato é dirigido pela oposição, diminuíram a delegação e não aceitaram abater a taxa de inscrição dos delegados com as dívidas que a FUP tem com a entidade. Ao mesmo tempo, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ex-presidente da CUT, realiza um ataque a esta entidade bloqueando o repasse da contribuição sindical.

Frente a esta realidade de roubo, mentira e fraude, os trabalhadores petroleiros vão realizar um grande encontro no dia 28 de julho, onde vão discutir se participarão do congresso ou não. Os petroleiros do Litoral Paulista já decidiram que não vão entrar, e os de Alagoas e Sergipe votaram que, se a fraude continuar, também não vão participar.

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