O congresso da Federação de Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Brasileiras, a Fasubra, realizado de 10 a 16 de maio em Poços de Caldas (MG), teve 970 delegados de todo o país e aprovou a desfiliação da CUT, uma decisão histórica.

Logo no início, os grupos cutistas, liderados pela corrente sindical Tribo, tentaram impugnar as delegações da Universidade Federal Fluminense e da Universidade Federal do Pará, ambas compostas por delegados de oposição. Porém, o plenário do congresso validou as delegações e os 59 delegados puderam se credenciar. A tática dos cutistas foi reduzir ao máximo o número de delegados antigoverno, em uma atitude desesperada para evitar a aprovação da desfiliação.

Decisão histórica
Desde a abertura, ficou evidente a polarização entre os que propunham a desfiliação e os que defendiam a manutenção na CUT. O auge dos debates aconteceu no painel “Organização Sindical”, com a presença de representantes da Conlutas, Intersindical, CTB e CUT.

José Maria de Almeida, o Zé Maria, representando a Conlutas, foi categórico: “a CUT há muito abandonou seu projeto original de defesa dos interesses da classe. A desfiliação da Fasubra da CUT deve acontecer, não somente pelo seu compromisso com o projeto burguês de Lula e o PT, mas também porque a manutenção na CUT significa aprofundar a divisão já existente na base da categoria”.

Zé Maria afirmou ainda que o processo de reorganização apresenta a oportunidade de construirmos uma ferramenta independente do governo e dos patrões, combativa e classista, organizando os segmentos da classe do campo e da cidade, dos movimentos sindical, popular e estudantil. “A Conlutas representa esse projeto, mas precisamos avançar. Por isso, depois da desfiliação, é preciso garantir um amplo debate na base da categoria para decidir em que organização os técnico-administrativos das universidades devem se abrigar”, disse.

No dia seguinte, com o plenário completamente lotado e depois de quatro defesas a favor e contra a desfiliação, foi aberto o processo de votação. Ao final, o resultado que todos esperavam, a proposta de desfiliação foi aprovada com 510 votos a favor e 454 contra.

Com essa decisão, a Fasubra vira uma página de sua história e prepara-se para um novo desafio: debater profundamente uma alternativa de organização que não repita a experiência com a CUT. Neste sentido, a federação dá um grande passo no processo de reorganização e fortalece a iniciativa da Conlutas de construir uma entidade unitária para a classe trabalhadora em nosso país.

Cutistas também perdem espaço na direção
Apesar de garantirem dois dos três coordenadores-gerais, o bloco cutista perdeu uma vaga no conjunto da direção nacional da Fasubra, ficando com 11 cargos, um a menos que a atual gestão. O coletivo Vamos à Luta – VAL (C-Sol) contabilizou cinco cargos e a CSC (PCdoB), três cargos.

A corrente Base, onde se organizam os militantes do PSTU, junto com Pensamento Sindical Livre (PSLivre), Movimento Esquerda Socialista (MÊS) e Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST), alcançou seis cargos, sendo uma coordenação-geral (PSLivre). Dentro do coletivo, o PSTU indicou dois companheiros que farão parte da próxima diretoria: Antonio Donizete da Silva, o Doni, da Universidade Federal de São Carlos, e Marcelino, da Universidade Federal da Paraíba.

Abaixo assinado

Durante os dias em que se realizou o congresso, os militantes do PSTU se dedicaram também à tarefa de coletar assinaturas ao abaixo-assinado destinado ao Congresso Nacional e à Presidência da República, exigindo medidas que protejam os trabalhadores dos efeitos da crise econômica. Foram em torno de 600 assinaturas coletadas de todas as formas: na banca da Conlutas, em passagem pelo plenário e nas reuniões de bancadas. Em uma mesa colocada na frente do refeitório no dia 16 de maio, foi realizado um operativo final com a coleta de mais de 200 assinaturas.

Em um congresso marcado pela polarização política, o abaixo-assinado foi apoiado pela ampla maioria dos delegados (60% dos congressistas). Isso demonstra que os servidores das universidades federais também exigem medidas que, de fato, indiquem uma solução da crise nos marcos da defesa dos trabalhadores e não de empresários e banqueiros. Dentre as pessoas que assinavam, algumas se manifestavam dizendo que “se é para garantir o emprego e exigir do governo Lula medidas concretas contra a crise, eu apoio e assino sem pestanejar”.

Várias delegações levaram o material para coleta em suas bases, junto com os cartazes da campanha pela reestatização da Embraer e reintegração dos demitidos.

Programa contra a crise
O abaixo-assinado foi lançado pela Conlutas com o objetivo de discutir com os trabalhadores em suas bases e com a população em geral a necessidade de enfrentar a crise e seus efeitos. O documento vai ser entregue ao governo no segundo semestre e exige medidas como proibição das demissões, redução da jornada sem redução de salários, cumprimento dos acordos realizados com os servidores federais, reestatização da Embraer, Vale e CSN, e por uma Petrobras 100% estatal.

Post author Paulo Barela, da Direção Nacional do PSTU e do GT dos Trabalhadores do Serviço Público da Conlutas
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