Terminou no final da tarde desse dia 6 o I Congresso da Conlutas. Foram quatro dias de intensos debates e votação de importantes resoluções que guiarão a entidade no próximo período. Quatro dias em que lutadores de todo o país se reuniram na cidade mineira de Betim para dar um passo decisivo para o processo de reorganização da classe trabalhadora.

Foram credenciados, no total, 2.805 delegados, 440 observadores e 71 convidados, totalizando 175 sindicatos e 500 entidades.

Sindical e popular
Nesse último dia de congresso, as votações se centraram nas questões de princípios, organização e composição da Conlutas. Uma das principais resoluções aprovadas indica a luta pelo socialismo como estratégia da Conlutas. “Enquanto a burguesia continuar dominando, qualquer conquista, por mínima que seja, será revertida”, afirmou Mauro Puerro, dirigente da Oposição Alternativa da Apeoesp e militante do PSTU. “Unir as lutas com a estratégia socialista, essa é a vocação da Conlutas”, reafirmou.

Outra importante resolução reafirma o caráter da Coordenação Nacional de Lutas, enquanto entidade que organiza trabalhadores, o movimento sindical, popular e estudantes. “É preciso dizer que nossa experiência até hoje demonstra que é correto e que é preciso organizar o movimento popular, sindical e estudantil, pois juntos somos mais fortes”, avaliou Luiz Carlos Prates, o Mancha, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP).

Ao mesmo tempo em que os milhares de delegados aprovaram a natureza sindical e popular da Conlutas, foi aprovado também a hierarquia da classe operária na direção entidade. Coerente com essa resolução, o congresso aprovou também resolução que regulamenta a participação das entidades estudantis nas instâncias da Conlutas.

A resolução indica que o movimento estudantil, embora seja imprescindível, não deve se sobrepor à classe operária. “Reconhecemos a importância do movimento estudantil, mas reconhecemos também a centralidade da classe trabalhadora; os trabalhadores, por sua vez, devem reconhecer também a força e o vigor da juventude, fundamental para fazer a revolução”, defendeu Camila Lisboa, estudante da Unicamp e militante do PSTU. O congresso aprovou a limitação de 10% de entidades estudantis nas instâncias deliberativas da Conlutas. “1, 2, 3, 4, 5, mil, viva a unidade operária-estudantil”, cantaram os delegados.
Outra importante resolução dá encaminhamentos práticos ao chamado da unificação com a Intersindical, como o esforço para retomada do Fórum Nacional de Mobilização e a proposta de alguma atividade no Fórum Social Mundial, em janeiro de 2009.

Por fim, os delegados discutiram alterações no atual sistema de direção da Conlutas. Foi aprovada a constituição de uma Secretaria Nacional em substituição ao atual Grupo de Trabalho de Secretaria. A composição dessa secretaria será definida na próxima reunião nacional da Coordenação.

Emoção e luta
Em um dos momentos mais emocionantes do Congresso, José Maria de Almeida, o Zé Maria, que coordenava a mesa de trabalhos, chamou ao palco antigos e novos militantes, para uma homenagem. Ficaram lado a lado militantes como Tia Lurdes, ativista cearense de 78 anos, Augusto, metalúrgico e militante histórico do PSTU de Guarulhos (SP), e Luiza, 19 anos, que se destacou na ocupação da UnB que derrubou o reitor. A homenagem mostrou as diferentes gerações de lutadores que se reúnem na Conlutas. “Esse foi o melhor congresso que vi, nesses meus 50 anos de militância”, afirmou um antigo militante.

Outro momento emocionante foi o anúncio das delegações internacionais convidadas ao congresso, mostrando o internacionalismo da luta da classe trabalhadora. Didier Dominique, ativista haitiano, discursou em nome da delegação.

Ao final, os delegados assistiram um vídeo projetado no telão com a história, breve mas rica, da Conlutas. Encerraram o vitorioso congresso cantando, com a própria voz, a Internacional. Nas bagagens de volta para casa, a confiança cada vez maior na classe trabalhadora e a disposição de continuar construindo uma alternativa de luta.