Existe uma atividade intensa dos ativistas do movimento sindical, popular e estudantil, em todo o país, ao redor da eleição dos delegados para o congresso da Conlutas. Os mais velhos lembram dos primeiros tempos da formação da CUT, quando ainda era uma central de lutas e agrupava os ativistas que estavam à frente das greves. Os mais novos se encantam pela discussão política nas bases ao redor das teses inscritas.

Hoje, estão se reunindo nas assembléias uma parte importante dos que lutam nesse país. As mobilizações que mais tocam os trabalhadores nesse momento são as salariais, impulsionadas pelo repique da inflação e, em particular, pelo aumento do preço dos alimentos. As principais greves estarão representadas no Congresso da Conlutas.

Por exemplo, os operários da construção civil de Fortaleza, que terminaram uma greve radicalizada e vitoriosa, estão elegendo seus delegados. Os professores de Belém, que estão completando um mês de greve, têm na Alternativa Conlutas na Educação uma direção combativa contra a direção burocrática do sindicato e o governo do PT. Essa direção alternativa divulga o congresso de julho na base. Os trabalhadores da construção civil de São José dos Campos (SP) também foram à greve, passando por cima da direção pelega do sindicato e encontraram na Conlutas um ponto de apoio para sua mobilização. Os professores de Santa Catarina, que também tiveram uma greve salarial, devem eleger mais de cem delegados. Da mesma forma, outras lutas salariais estão ocorrendo no país (como os professores de São Gonçalo e Piauí), e os trabalhadores encontram os sindicatos ou oposições ligadas à Conlutas junto a eles.

Outro ponto importante da mobilização dos trabalhadores é pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários e direitos. Os metalúrgicos da GM de São José dos Campos são uma referência nesse sentido, por terem recusado a proposta patronal de flexibilização dos direitos. No dia 28 de maio, os metalúrgicos de São José dos Campos estarão à frente da luta para apontar um rumo para essa campanha diferente daquele defendido pela CUT e Força Sindical, que estão negociando a redução em troca da imposição do banco de horas e da redução dos gastos das empresas com a Previdência. Os metalúrgicos de São José são fundadores da Conlutas e estão na linha de frente da eleição dos delegados nas bases.

As oposições sindicais são outras expressões da construção de uma alternativa de direção contra o peleguismo da CUT e da Força Sindical. Neste momento, estão em curso ou em preparação eleições de grande importância, como a dos petroleiros do Norte Fluminense, dos professores do Rio Grande do Sul e São Paulo e bancários de Belo Horizonte. Em todas elas, oposições com forte presença da Conlutas estarão presentes, ao mesmo tempo em que elegerão seus delegados para o congresso.

O movimento popular é outra base de apoio da Conlutas. A ocupação do Pinheirinho, a mais antiga ocupação urbana vitoriosa do país, já elegeu seus 14 delegados.

O movimento estudantil vai realizar um Encontro próximo ao Congresso da Conlutas, em que discutirá a perspectiva de construção de uma nova entidade, alternativa à UNE pelega. E já está, também, elegendo seus delegados. Seguramente, estarão os representantes das principais ocupações das universidades, seja da USP no ano passado, seja da UnB neste ano.

A preparação do congresso
O Congresso da Conlutas, que acontece de 3 a 6 de julho em Betim (MG), será um momento excepcional por vários motivos. Em primeiro lugar, como se pôde ver, será uma expressão genuína das lutas dos trabalhadores e estudantes brasileiros. Mais importante ainda, poderá discutir um plano de lutas que unifique as campanhas salariais, mobilizações pela redução da jornada e outras bandeiras unificadas dos trabalhadores para o segundo semestre. Trata-se, portanto, de um evento de extrema importância perante a crise econômica que se avizinha, pois pode discutir um plano de lutas unificado e nacional.

Em segundo lugar, será uma reunião nacional do melhor da vanguarda socialista, independente e em oposição ao governo Lula. Essa vanguarda estará discutindo as perspectivas mais estratégicas do país e da América Latina, já traduzidas nos debates das teses para o congresso. Desde a burocratização da CUT e do PT que os ativistas não têm um espaço desta magnitude para este debate. Isso já ocorreu no Conat, congresso de fundação da Conlutas, e agora se repetirá em escala mais ampla e profunda. Cinco mil delegados debatendo com a mais ampla democracia a estratégia para a luta socialista.

Em terceiro lugar, logo após o congresso da Conlutas, será realizado o Encontro Latino Americano e Caribenho de Trabalhadores (Elac), nos dias 7 e 8 de julho, convocado pela Conlutas, COB boliviana, CCura (Corrente Classista, Unitária, Revolucionária e Autônoma) da Venezuela, Batay Ouvriyé do Haiti e Tendência Classista e Combativa do Uruguai. Trata-se de uma iniciativa histórica num momento em que existe uma polarização crescente das lutas em nosso continente. Mais do que nunca é necessário buscar uma coordenação das lutas dos trabalhadores do continente de forma independente dos governos da região.

Integre-se na preparação deste momento excepcional, que será o congresso da Conlutas. Ajude a unificar as mobilizações dos trabalhadores no Brasil e na América Latina. Participe dos debates sobre os rumos estratégicos das lutas dos trabalhadores. Seja um dos delegados ao Congresso da Conlutas!

Post author Editorial do Opinião Socialista nº 339
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