Entre 17 e 20 de janeiro, foi realizado, em Brasília, o 30º Congresso da CNTE (Confederação dos Trabalhadores em Educação). O congresso foi uma grande decepção aos que acreditam na luta. As correntes ArtiSind, PCdoB, Democracia Socialista, Articulação de Esquerda e O Trabalho garantiram um evento sem discussão política.

Um dos principais pontos em discussão era a posição da CNTE perante à CUT. Houve uma unidade de todos aqueles que opinam que a CUT morreu para as lutas e que o congresso deveria votar a desfiliação da CNTE e aprovar a realização de um plebiscito nas entidades estaduais para que a base pudesse decidir sobre a relação dos sindicatos com a Central.

Essa resolução, aprovada no congresso do Sindicato Estadual dos Profissionais em Educação (RJ), foi apresentada e defendida pela Conlutas, pela Intersindical e por independentes.

Chapa única da Oposição
A vinculação entre o governo e CNTE atingiu seu ponto mais alto com o convite para que o Ministro de Educação Fernando Haddad assistisse uma plenária do congresso, como se fosse um delegado.

A oposição não permitiu essa afronta ao regimento e ao conjunto dos delegados, que foram impedidos de falar pelas correntes governistas. Não aceitamos que um membro do governo (patrão) que ataca o conjunto dos educadores fale no espaço do movimento. O ministro foi intensamente vaiado e não conseguiu falar, tendo que se retirar do local.

Durante todo o congresso a oposição atuou de forma conjunta. Essa atuação culminou na formação de uma chapa única de oposição à direção da entidade.

Fraude
Foram inscritas três chapas. A chapa 10 (Artsind/PCdoB/DS/AE), a “20” (Conlutas, Intersindical, Unidade na Luta, Prestista-SC, independentes e grupos de oposição de São Paulo) e a “30” (OT). A chapa do governo obteve 78,9% dos votos. A chapa 20 contou com 18,8% e a 30, com 2,1%.

A chapa 20 conquistou uma importante vitória ao alcançar 18,8% dos delegados, o que lhe daria direito a indicar quatro diretores para a executiva da CNTE. Os governistas, porém, liderados pela Artsind, deram um golpe, tirando da soma geral os votos da chapa 30 e refazendo os cálculos, o que lhes permitiu ficar com todos os cargos.

Mulheres da Conlutas expulsam machista do plenário

Claudia Souza e Eliana Penha, da Oposição Alternativa da Apeoesp, de Brasília (DF)

Além de não garantir uma discussão qualificada sobre o machismo, a Artsind ainda acobertou uma agressão covarde de um de seus militantes contra as mulheres da bancada da Conlutas. Esse militante se sentou atrás da bancada e agrediu as militantes com ofensas pessoais e xingamentos.

A presidente da entidade, Juçara Dutra, fez vistas grossas ao fato. No entanto, a companheira Janaína Rodrigues, da Conlutas, tomou a palavra para condenar o fato. “Isso expressa o nível de machismo, a degeneração moral e burocrática da Articulação. Não permitiremos que essa prática se enraíze em nosso meio”, disse.
As mulheres da bancada se organizaram e exigiram a retratação do delegado da Articulação. Como ele se recusou a fazê-lo, as companheiras o expulsaram do plenário.

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