A combinação do aumento da mobilização e da denúncia à reforma, possibilitada pelo plebiscito, além do escândalo de corrupção envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), salvo da cassação com a ajuda direta do governo, aprofundaram uma crise interna dos setores governistas, adiando a finalização do projeto de reforma.

Inicialmente previsto para ser levado ao Congresso Nacional no final de setembro, o governo pretende agora finalizar a proposta de reforma no final de outubro ou novembro. O adiamento da finalização do projeto expõe uma crise no Fórum Nacional da Previdência Social, que reúne governo, empresários, e representantes das cúpulas das centrais pelegas e sindicatos.

Paralisia
O adiamento revela também uma crise interna no próprio governo, que jogou suas fichas para salvar Renan e agora enfrenta uma paralisia no Congresso, tendo de lançar mão de liberação de emendas e cargos para votar medidas como a prorrogação da CPMF.

Uma reforma que retira direitos dificilmente será aprovada num ambiente de crise. Além disso, caso não consiga colocar o projeto para tramitar ainda neste ano, é improvável que o aprove em 2008, um ano eleitoral.

Intensificar as mobilizações
Tal crise prova que é possível derrotar a reforma. No entanto, mostra também que isso só será possível se intensificarmos a denúncia e as mobilizações contra esse ataque. Isso porque o governo e sua base podem se reorganizar e terão toda a mídia ao seu lado para aprovar a medida, a exemplo do que fizeram com a reforma da Previdência em 2003.

Nesse contexto, ganha ainda mais importância a marcha nacional do dia 24 de outubro. Caso o governo consiga concretizar seus planos, o projeto de reforma estará em vias de ser enviado ao Congresso. É necessário, portanto, explorar a atual crise no Senado, afirmando que esse Congresso declaradamente corrupto não tem a mínima legitimidade para aprovar a retirada de nossos direitos, e colocar o máximo de pessoas nas ruas.
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