Já começou a plenária final do I Congresso da Conlutas. Durante toda a tarde desse dia 5, os delegados e delegadas votaram resoluções que darão o norte da entidade para o próximo período. Foram aprovadas propostas sobre conjuntura internacional e nacional, além da maior parte do plano de ação. As propostas foram discutidas nos grupos de discussão que ocorreram durante todo o dia 4 e na manhã do dia 5.

Plano de lutas para enfrentar a crise
Diante da perspectiva de uma crise econômica no país, com seu primeiro reflexo na inflação sobre os alimentos, os delegados aprovaram uma plataforma de reivindicações para enfrentar a inflação e os ataques à classe trabalhadora. O plano de lutas passa, entre outros pontos, pelo gatilho salarial, com reajuste automático dos salários de acordo com a inflação e o congelamento dos preços. Além disso, a plataforma de luta coloca reivindicações como a redução da jornada de trabalho, fim do banco de horas e reforma agrária.

“É preciso aqui apontar um plano que unifique as campanhas salariais no próximo semestre, ligar as questões específicas às luta contra a política econômica do governo Lula e o imperialismo”, defendeu Fábio José, dirigente da Conlutas do Ceará e da direção nacional do PSTU. “Eu sou Conlutas, sou radical, não sou capacho do governo federal“, responderam os delegados em coro.

“Contra o governo neoliberal, unir Conlutas e a Intersindical”
Indicando que o processo de reorganização da classe trabalhadora ainda não está fechado, os delegados aprovaram o chamado à unificação com a Intersindical. “Quando a classe trabalhadora fala em unidade, não é retórica, mas uma necessidade concreta na luta contra o capitalismo“, defendeu Cyro Garcia, dirigente do PSTU e da Oposição Bancária no Rio de Janeiro. O dirigente chamou a formação de uma alternativa única que una os setores combativos da classe trabalhadora.

“Apesar de todas as vitórias que a Conlutas conquistou, como na construção civil de Fortaleza e na Revap de São José dos Campos, assim como na GM, na luta contra o banco de horas, ainda somos poucos, para avançar na luta fazemos um claro chamado à Intersindical, apontando a realização de um congresso de unificação”, defendeu.

A posição da tese “Avançar na consolidação da Conlutas: classista, democrática, pela base e socialista”, assinado por entidades como a Federação dos Metalúrgicos de Minas Gerais, Sindicatos dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), entre outros, e pelos militantes do PSTU, enfrentou diversas outras teses que rejeitavam a unidade com a Intersindical. O debate entre as teses expôs a incoerência de setores que romperam recentemente com a Conlutas sob o argumento de que sua direção majoritária propunha a “cristalização” da entidade.

“Não existe contradição entre chamar a unidade com a Intersindical e continuar a fortalecendo a Conlutas, pelo contrário”, afirmou Cyro. “Contra o governo neoliberal unir Conlutas e a Intersindical”, entoaram os delegados.

Internacionalismo proletário
Com relação à conjuntura internacional, o congresso aprovou um programa anti-imperialista que, entre outras resoluções, exige a retirada das tropas imperialistas do Iraque e do Afeganistão, assim como o fim da ocupação militar liderada pelo Brasil no Haiti. Uma das principais votações sobre conjuntura internacional se refere aos governos da América Latina.

“O governo Chavez não é um governo anti-imperialista, mas um governo burguês, que tem atritos com o imperialismo”, defendeu Fábio Bosco, dirigente da Oposição Nacional Bancária e militante do PSTU. Os delegados aprovaram não votar um posicionamento da Conlutas enquanto entidade a favor ou contra Chavez ou Morales, remetendo a discussão à base e aprofundando o debate sobre a natureza desses governos.

O congresso aprovou, porém, a total independência da Conlutas frente a qualquer governo e o apoio irrestrito às lutas dos trabalhadores em todo o continente. Os ativistas também aprovaram a realização de uma ampla campanha contra a dívida externa e interna. “Te cuida, te cuida, te cuida imperialista, a América Latina vai ser toda socialista”, entoaram os delegados após a votação.

Eleições
Outra importante definição do congresso se refere às eleições municipais de 2008. O congresso aprovou resolução que indica aos trabalhadores o voto aos candidatos classistas que façam oposição ao governo Lula. A resolução aprovada também propõe “oferecer aos candidatos da classe o programa e plataforma de reivindicações e luta que a Conlutas defende”. “Unir a esquerda, socialista, a nossa Frente é classista”, cantaram os ativistas.