`Foto “Alca, OMC, e dependência externa: estratégias econômicas de dominação” foi a Conferência de abertura do Fórum Social Brasileiro realizado nesta sexta-feira, no Mineirinho, em Belo Horizonte.

Estavam presentes na mesa Sandra Quintela, da coordenação nacional da Campanha contra a Alca; Carlos Juliá, do Jubileu Sul; Fátima Mello, da Fase, e Luiz Fernandes, da UFF. Cerca de 3 mil pessoas acompanharam a discussão.

A Alca é um dos debates mais importantes realizados no Fórum. Em função de sua crise econômica, o imperialismo acelera todos os planos de recolonização da AL, pressionando governos a abrirem completamente seus mercados, garantindo o lucro de suas multinacionais.

A Dívida Externa e os planos do FMI são parte desse processo e aumentam a miséria e desemprego. No Brasil, o governo Lula continua garantindo o pagamento da divida externa e o superávit do FMI, mantendo a mesma política de FHC. O novo acordo fechado esta semana com o FMI aumenta ainda mais essa dependência do imperialismo.

Sandra Quintela, da coordenação nacional da campanha contra a Alca, na ocasião, criticou a política econômica do governo. Segundo ela, foram pagos até agosto só de juros da divida externa cerca de R$ 102 bilhões.

Lembrou também que o dinheiro para o pagamento da divida também vem dos cortes nas áreas sociais como reforma agrária, saúde e educação. Disse ainda que a política de cortes de verbas para as áreas sociais “decretou a moratória social”. Ela ainda defendeu a saída do Brasil das negociações da Alca exigindo a realização imediata de um plebiscito oficial, sobre o tema.

`MesaO argentino Carlos Juliá disse que a política de exploração dos EUA tem o mesmo objetivo em todos os países da América Latina. “O que os EUA fazem significa mais sangue, mais desemprego e repressão aos países da América Latina”.

Política externa do governo: soberania ou submissão?

A grande polêmica da conferência foi a discussão sobre a política do governo em relação às negociações da Alca.

Fátima Mello defendeu a postura adotada pelo Itamaraty na reunião ministerial da OMC em Cancún, classificando “como uma grande vitória do Brasil”.

Mais enfático foi o professor Luiz Fernandes, dizendo que “a posição do governo brasileiro joga contradição à política dos EUA”. E ainda, chamou a mobilização para “respaldar a política externa do governo Lula”.

De fato existe um atrito Brasil e EUA nas negociações da Alca. No entanto, esse conflito é gerado pelas tentativas do governo de criar melhores condições de acesso dos produtos brasileiros ao mercado dos EUA, reduzindo sua política protecionista, especialmente na agricultura.

Mas, os atritos entre o Brasil e os EUA nas negociações da Alca são limitados e não questionam a estratégia imperialista de implementar a Alca em 2005. O governo aceita a implementação da Alca e tenta somente garantir melhores condições para os investimentos das classes dominantes brasileiras.

Ao contrário da afirmação de Fernandes, quando diz que “existe tensão entre a política externa e política macroeconômica do governo” dizemos que ambas são complementares e pavimenta o caminho para a implementação da Alca em 2005.

Não há Alca nenhuma que possa interessar aos trabalhadores. Só à burguesia. Por isso, o debate sobre a Alca no Fórum deve ajudar a preparar uma ampla campanha exigindo a convocação de um plebiscito oficial e a retirada imediata do Brasil das negociações.