Reunião aprova política para as eleições deste anoNo fim de semana dos dias 13 e 14, em São Paulo, o PSTU realizou uma conferência nacional para debater a situação do país e as eleições deste ano. Os militantes aprovaram a política de manter a pré-candidatura de José Maria de Almeida, o Zé Maria, como uma alternativa socialista dos trabalhadores à polarização entre Dilma Rousseff e José Serra.

Ao mesmo tempo, a conferência aprovou continuar o chamado a uma frente de esquerda com o PSOL e o PCB, por uma candidatura a presidente. Os militantes avaliaram a viabilidade desta frente, e muitos destacaram o rumo equivocado que a direção do PSOL vem tomando, principalmente na tentativa fracassada de buscar uma aliança com Marina Silva e nas declarações que os pré-candidatos do partido têm feito à imprensa.

A ampla maioria dos militantes decidiu manter o chamado, mas com as condições que o partido vem apresentando: que esta frente tenha um programa socialista, que indique a ruptura com o capitalismo. E que mantenha a independência de classe, ou seja, não aceite doações de grandes empresas e se coloque claramente contra as alianças com partidos que não sejam de trabalhadores.

“Até agora, o PSOL não tem demonstrado concordância com o programa e com a independência de classe. Se não chegarmos a um acordo para a apresentação de uma candidatura única, o PSTU terá sim a sua candidatura à Presidência da República. E vamos chamar todos a se somarem a essa tarefa, pois ela não é só do PSTU, é de todos que não abandonaram a defesa das bandeiras socialistas”, afirma Zé Maria. Nos próximos meses, diversos atos marcarão o lançamento da pré-candidatura. Os primeiros acontecerão em Brasília e Aracaju (leia mais no site). Além disso, seminários ajudarão a avançar na elaboração de temas específicos para um programa socialista.

Democracia partidária
A conferência é um fórum convocado para debater e decidir sobre um tema específico, mas que, pela emergência ou importância, não pode aguardar até o congresso do partido. Esta conferência foi dedicada ao tema das eleições e representou o desfecho de um processo de debates iniciado no segundo semestre de 2009. Neste período, foram publicados documentos da direção nacional do partido e boletins internos, nos quais todo militante pôde publicar suas ideias e posições políticas.

Ao final dos debates, as diversas regionais do partido se reuniram e elegeram os representantes à conferência.

As posições diferentes da direção tiveram todas as possibilidades de serem conhecidas e debatidas livremente. Depois das discussões, os delegados eleitos pela base votaram e determinaram os rumos do partido. Votadas as posições, todos aplicam a mesma política e o partido sai unificado, com uma só posição e não dividido em várias.

A participação das mulheres também foi garantida, não só na escolha dos representantes, mas também na participação no congresso com tranquilidade. Durante a conferência, uma creche foi montada no local, e as companheiras puderam participar dos debates, perto dos filhos. “Este ano, pela primeira vez, tivemos três bebês. Isso é muito importante, pois em geral nesse período as mães tendem a desistir de participar”, comemora Ana Rosa, da Secretaria Nacional de Mulheres do PSTU.

Todo esse funcionamento é completamente diferente dos partidos burocráticos, onde os que defendem posições contrárias às da direção são expulsos sem que possam debater suas opiniões. Também é muito diferente das organizações de funcionamento social-democrata, como é o caso do PT e do PSOL.

Nesses partidos, cada um faz o quer, existe uma falsa liberdade. Falsa porque, na verdade, quem determina a política do partido não é a base nos congressos, mas suas figuras públicas que têm acesso à imprensa – em geral, os parlamentares. Ou seja, não existe democracia porque não é a base que determina a política do partido.

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