Nos dias 11 e 12 de março, o PSTU realizou uma Conferência para debater uma proposta eleitoral. Após três meses de debates, com a mais ampla liberdade de discussão entre distintas posições, os delegados eleitos pela base resolveram propor uma Frente de Esquerda Classista e Socialista ao P-SOL, PCB e outras forças de esquerda. Seguindo a tradição leninista do centralismo democrático, depois dos debates, o partido adotou uma resolução sobre o tema que vai aplicar de forma unitária em todas as frentes de atuação. Ao final da conferência, existia um clima de vitória entre os delegados, pela riqueza dos debates, e por ter dado o PSTU um exemplo de democracia: quem decidiu a política foi o conjunto da militância, através de delegados eleitos depois de uma rica discussão. Agora virá o exemplo de centralismo, com todos aplicando a resolução votada pela maioria. Apresentamos abaixo um resumo e atualização da avaliação política e da resolução sobre a Frente Classista aprovada.

Nos locais de trabalho, nas escolas e nas ruas, os trabalhadores e a juventude começam a discutir em quem irão votar nas eleições de outubro. Tanto o governo como a oposição burguesa se dedicaram a canalizar a crise política do ano passado para as eleições. Agora, com a definição das duas candidaturas que irão encabeçar os grandes blocos dos patrões na disputa eleitoral, já se vê presente nas conversas a falsa polarização entre PT e PSDB-PFL.

Neste ano, amparado pelo crescimento econômico, Lula retomou seus índices eleitorais. A oposição voltou a bater duro no governo para desgastar Lula e evitar uma derrota no primeiro turno. Agora, uma nova crise política: o governo perdeu o seu principal ministro, Palocci, devido às denúncias de corrupção apresentadas pelo caseiro Francenildo Costa. Esse cenário indica que a temperatura política vai subir e a polarização entre estes dois blocos vai aumentar.

Ambos são apoiados por setores da grande burguesia do País e do imperialismo, e têm o mesmo programa neoliberal. Nenhum deles serve aos trabalhadores.
Alckmin é um candidato tradicional da burguesia brasileira e tem relações com grandes setores das elites. É também um entusiasta do neoliberalismo. Seu governo em São Paulo privatizou a grande maioria das estatais, como a Eletropaulo (de energia), rodovias e o Banespa (antigo banco do Estado).

Lula traiu as expectativas de mudança do povo, manteve a mesma roubalheira e aprofundou o plano econômico neoliberal do governo Fernando Henrique Cardoso. Com isso, ampliou seu apoio entre os banqueiros, latifundiários e empresários. Conta também com uma importante base de apoio nas governistas CUT e UNE e no MST, que impediram o avanço das lutas contra o governo.

A crise política do ano passado levou o PT a uma grande crise e ampliou a experiência de milhões de trabalhadores com o governo Lula. Resta ver em que medida essas ricas experiências políticas foram esquecidas ou não. De uma forma ou de outra, o PT nunca mais será o mesmo, mesmo que ainda ganhe as próximas eleições.
Apesar da canalização da crise política para o processo eleitoral, a reorganização do movimento de massas pela esquerda segue. A construção da Conlutas, que vai se expressar no histórico Congresso Nacional dos Trabalhadores (Conat), é uma mostra disto. Pode ser que este processo também tenha uma manifestação eleitoral, com uma frente de esquerda.

Nem Lula, nem Alckmin. Unir a esquerda
As massas vão votar em outubro, não há dúvidas. Contudo, no lugar do entusiasmo de antes, haverá enormes desconfianças. Os políticos ainda são vistos como ladrões, mas se discute em que ladrão votar, com o nariz tapado, por falta de alternativas.
Diante desse cenário, a construção de uma Frente Classista e Socialista é uma necessidade para o movimento de massas. Seria muito ruim deixar o terreno aberto para a falsa polarização entre Lula e Alckmin, com uma dispersão da oposição de esquerda em várias candidaturas.

É preciso avançar para uma Frente de Esquerda Classista e Socialista nas eleições entre o PSTU, P-SOL, PCB e outras organizações de trabalhadores. É necessário chamar o MST e a Consulta Popular a romper com o governo e virem se somar a essa Frente.

Precisamos construir um programa anticapitalista e antiimperialista, que expresse o acúmulo da luta dos trabalhadores nesses últimos anos, e que também contenha uma oposição clara ao governo e à democracia dos ricos.
Post author Da redação
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