Condoleezza Rice, com George W. Bush

Secretária de Estado dos EUA discutirá Equador, Venezuela, Alca e uma visita de Bush ao paísNesta terça feira, dia 26, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, desembarca no Brasil para se reunir com o presidente Lula. São vários os motivos da sua indesejável visita. Rice pretende nas conversas com Lula retomar as negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), preparar as condições para uma visita de Bush ao país – prevista para novembro deste ano – e, por motivos óbvios, discutir a situação de ‘instabilidade’ dos países da América Latina, especialmente da Venezuela, Haiti e Equador. A situação do país andino entrou na pauta na última hora, depois que grandes mobilizações populares derrubaram o presidente Lucio Gutierrez.

Condoleezza permanecerá dois dias no Brasil e visitará outros países do continente, como Colômbia, Chile e El Salvador. Segundo o jornal britânico porta-voz do capital financeiro, Financial Times, ‘Os Estados Unidos vão buscar o apoio de Brasília para estabilizar uma América Latina cada vez mais volátil’.

O governo brasileiro e o imperialismo demonstram extrema preocupação com os rumos do Equador. A imensa crise institucional e o frágil governo burguês de Alfredo Palacios, instaurado depois da queda de Gutierrez, ainda não possuem a força necessária para aplacar as mobilizações do povo equatoriano, mantendo um cenário de crise permanente.

Com relação à Venezuela, a secretária norte-americana ‘deseja – de acordo com o FT – garantir o apoio de Brasília para reduzir a influência desestabilizadora do presidente da Venezuela, Hugo Chávez’. Ontem o presidente venezuelano Hugo Chávez, informou que expulsaria militares norte-americanos que estariam preparando um plano para invadir seu país.

Na véspera da chegada de Condoleezza, o ministro da Casa Civil, José Dirceu embarcou para a Venezuela para ‘intermediar’ a crise entre Chávez e Washington. O objetivo de tal mediação, conforme já informou um diplomata espanhol, é de ‘lulalizar’ Chávez, quer dizer, torná-lo mais dócil aos interesses dos EUA.

Os EUA querem reforçar o papel do Brasil como guardião dos interesses imperialistas no continente. Há pouco tempo a secretária elogiou a atuação no Brasil na resolução de crises em países como Venezuela e Bolívia, e chamou Lula de ‘amigo’ de Bush por sua atuação na ocupação militar e colonial do Haiti. O Brasil, por sua vez, deseja aproveitar o encontro de hoje para reafirmar a intenção de ocupar uma vaga no Conselho de Segurança da ONU.

‘Há um intenso diálogo (entre o Brasil e os Estados Unidos) em nível regional, e os Estados Unidos elogiaram nosso papel como moderador’, atestou Paulo Avaringa, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, ao FT.

‘Que se vaya Condoleezza!’
A Secretária de Bush vai fazer uma palestra sobre a cooperação entre países americanos, onde provavelmente vai tecer novos elogios rasgados a Lula. O acesso da imprensa será restrito, sendo que os jornalistas serão proibidos de fazer qualquer pergunta.

Os movimentos sociais preparam um protesto contra a presença de Condoleezza no Brasil. Uma manifestação está prevista para as 9h da manhã no memorial JK na Esplanada. Os organizadores estão emprestando uma das palavras de ordem mais entoadas pelo povo equatoriano para receber a secretária de Bush da forma que ela merece: ‘Que se vaya Condoleezza !’