A crise de 2000-2001 teve uma evolução bem diferente nos países imperialistas e dependentes. A queda do PIB nos EUA foi só de 0,4%, e a recessão durou menos de um ano. Na América Latina, porém, a crise teve pesadas conseqüências. A Argentina, por exemplo, perdeu parte importante de sua indústria.

Para sair da crise, os EUA aumentaram fortemente os gastos em armamentos: invasões do Iraque e Afeganistão. Também reduziram a taxa de juros e cortaram os impostos das grandes empresas. Assim, o país conseguiu sair rapidamente da crise, mas ampliou as contradições que agora estão explodindo.

Uma das conseqüências foi a atual bolha imobiliária. Com as taxas de juros negativas, foi possível concentrar a aplicação de uma parte dos capitais especulativos e gerar um crescimento acelerado e artificial que sustentou boa parte do crescimento dos EUA. De acordo Joseph Stiglitz “aproximadamente 80% do aumento do emprego e quase dois terços do incremento do PIB dos EUA, nos últimos anos, se originou direta ou indiretamente no setor imobiliário”.

Os bancos convenciam as pessoas a terem empréstimos hipotecários baratos para comprar casas ou, ainda, a hipotecarem suas casas e usarem o dinheiro para o consumo. Tempos depois, faziam outra hipoteca por um preço maior. Assim, a construção de imóveis cresceu muito.

Os bancos transformaram todas essas dívidas em títulos que eram revendidos. Quando começaram a faltar clientes, buscaram os que não tinham garantias de pagamento dos empréstimos (os famosos subprime). Até que, um dia, os novos imóveis não encontraram mais compradores.

Em 2006, a venda de imóveis começou a cair e, com ela, desabou toda a pirâmide. O preço das casas despencou. As hipotecas caíam enquanto o governo dos EUA voltou a elevar as taxas de juros. As pessoas já não podiam pagar as hipotecas.

Começou, assim, a crise atual, com uma recessão que se estendeu rapidamente a todo o setor financeiro. A quebradeira de grandes bancos nos EUA marca as diferenças da crise atual com a passada.

Recessão
A indústria automobilística, principal setor da indústria dos EUA, também já está em recessão. Entre 2001 e 2005, cerca de 17 milhões de veículos foram vendidos por ano. As vendas começaram a cair em 2006 e devem chegar, este ano, a 15 milhões.

O PIB nos EUA caiu 0,2 %. Nos últimos três meses de 2007, cresceu apenas 0,9%. Voltou a crescer 3,3% no segundo trimestre de 2008, apoiado num aumento conjuntural das exportações e dos efeitos temporários da devolução de impostos à classe média. A produção industrial voltou a cair 1% em agosto, com a indústria automobilística despencando 11,9%.

A tendência recessiva se estendeu aos outros países imperialistas. A Europa teve uma queda de 0,2%. O Japão caiu 0,6%. A crise cíclica de superprodução liga-se, assim, a uma crise financeira de proporções inéditas desde a depressão de 1929.

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