Os EUA estão à beira da recessão. Obama, como representante da classe dominante norte-americana, buscará aplicar receitas duríssimas, que atingirão em cheio os trabalhadores, os negros e os latinos.

O país já atingiu o maior desemprego dos últimos anos. A taxa de saiu de 6,1% em setembro para 6,5% em outubro, o mais alto patamar desde março de 1994. A onda de demissões está varrendo o setor financeiro, automotivo e da construção civil e vai prosseguir. Gigantes como a General Motors e a Ford estão à beira de pedir concordata. Além disso, por não conseguirem pagar as hipotecas, cinco milhões de famílias serão despejadas.

A média de dívidas do cidadão norte-americano é de 139% da sua renda. Já endividadas, muitas pessoas ainda correm o risco de perder seus empregos ou ter seus salários rebaixados, o que é permitido pela legislação do país.

Além disso, o mandato de Obama terá de enfrentar dois gigantescos déficits (o comercial e fiscal), cuja soma é de US$1,3 trilhão, sem contar com os US$700 bilhões destinados por Bush aos bancos. Obama já cobrou de Bush um novo pacote para as montadoras. Isso significa o desvio de dinheiro das verbas sociais para salvar grandes empresários.

Enquanto a consciência da população continua na direção da esperança, a realidade econômica se move na direção contrária. Obama passou a campanha vendendo ilusões para a população, mas não poderá entregá-las. Com a recessão, a esperança será fraudada.

Na sua primeira entrevista como presidente eleito, Obama deixou claro que “sair do buraco não será fácil” e muitos dos seus assessores já falam em adiar as promessas de campanha.

Assim como muitos órgãos de imprensa, o Wall Street Journal – conhecido jornal do capital financeiro – assinala que a brutal crise em curso e o déficit do Estado “limitarão as opções de que possa dispor Obama”.

Provavelmente, os primeiros dias de governo, a partir de 20 de janeiro, serão marcados pelo envio de mais dinheiro a empresas e a adoção de instrumentos de regulação estatal nos mercados. O que não significa nenhuma mudança substancial do modelo atual. Seria uma tentativa de criar um neoliberalismo mais regulado, mantendo as duras condições de exploração dos trabalhadores. Para isso, Obama já se cerca de antigas figuras neoliberais da administração de Bill Clinton e até mesmo da de Bush.

Obama poderá até culpar por algum tempo a herança maldita de Bush, mas para sair da crise sem atacar os empresários, seu governo terá de atacar brutalmente o nível de vida dos trabalhadores, convertendo a esperança em desilusão.

O que vai acontecer quando a esperança se transformar em frustração? O movimento operário norte-americano ficará paralisado enquanto milhões perdem seus empregos e casas?

A burguesia norte-americana tirou lições da Grande Depressão de 1929. Na época, o movimento operário levantou sua cabeça e realizou importantes greves, como a dos mineiros e a dos caminhoneiros de Minneapolis em 1934. A força das greves fez surgir um sindicalismo combativo e um processo de reorganização do movimento sindical, culminando na criação de uma nova central independente, a CIO.

O fantasma de explosões sociais, sejam sindicais, sejam populares, assombra os capitalistas. A burguesia norte-americana teme uma nova luta da classe operária dos EUA, pois sabe que ela poderá fazer tremer os alicerces do imperialismo em todo o mundo.

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