Medida visa transformar estatal em empresa de sociedade anônimaO governo Lula criou uma Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) cujo objetivo seria “modernizar” a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). Nele está embutida a proposta de Correios S/A. O ministro das Comunicações, Hélio Costa (ligado à Rede Globo), preparou uma medida provisória fruto dos debates no GTI, que Lula deverá editar em breve.

A ideia é transformar a ECT (hoje uma empresa 100% estatal) numa companhia de sociedade anônima, onde os acionistas privados passarão a traçar os rumos da empresa, por exemplo, em relação a investimentos, divisão dos lucros, contratação ou demissão de trabalhadores.

Essa política foi nefasta para a Petrobras. Hoje, dois terços dos trabalhadores da empresa são terceirizados. A superexploração dessa mão de obra garante os lucros que vão para as multinacionais.

Nos Correios, a consequência dessa medida será o provável abandono dos locais que hoje são considerados deficitários. Além disso, em associação com o capital, deve avançar na exploração de outros países da América Latina (quem não se lembra dos protestos dos trabalhadores bolivianos contra a exploração da Petrobras?).

Fim da estabilidade
De imediato, os carteiros perderão a estabilidade no emprego, concedida por uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Mas o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF), indicado pelo governo Lula, pediu vistas do processo que garante a estabilidade.

Portanto, existe toda uma movimentação para avançar na privatização da empresa. Depois de demitir mais de 5 mil trabalhadores pelo PDV (Plano de Demissão Voluntária), a empresa vem adiando seguidamente a contratação de carteiros via concurso público, mas já lançou edital para contratar estagiários (terceirizados e jovens aprendizes) para ocupar mais de 3 mil vagas do setor administrativo.
Todo esse plano tem a aprovação da CTB e da corrente cutista Articulação Sindical.

Ambas apoiam esse projeto, ora se omitindo, ora o defendendo de forma descarada. Por isso, neste ano aceitaram que não haveria campanha salarial para impedir que os trabalhadores derrotem esse projeto por meio da mobilização.

Porém, 17 sindicatos da categoria lançaram uma campanha nacional contra o projeto Correios/SA e contra o acordo bianual. Mas os governistas, não contentes, estão jogando pesado nas eleições sindicais para tentar derrotar a categoria e os sindicatos que resistem a essa política entreguista.

O PSTU defende a mais ampla unidade para derrotar os governistas da CTB e da Articulação Sindical. Dentro do grupo dos 17 sindicatos, defendemos a unificação da Conlutas com a Intersindical para a formação de uma nova central que derrote os aparatos governistas da CUT e da CTB e a patronal. Por isso, chamamos todos os setores não entreguistas a fazer uma ampla campanha contra a privatização da ECT, defendendo os Correios como uma empresa 100% estatal, controlada pelos trabalhadores
e não pelos burocratas.

Post author Guilherme Fonseca, de Recife (PE)
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