Em plena crise política que derrubou Palocci, Lula não deixa de sinalizar aos empresários, banqueiros e investidores internacionais que sua política econômica não mudará diante das recentes turbulências. Mais que isso, o governo Lula explicita sua intenção de aprofundar sua política neoliberal. Em discurso realizado no dia 4 de abril durante a solenidade de abertura da Semana Internacional de Construção e Iluminação, na capital paulista, Lula reafirmou seu compromisso de aprovar as reformas Sindical e Trabalhista.

“É preciso fazermos, primeiro, a reforma da estrutura sindical, que está no Congresso Nacional, e a reforma da legislação trabalhista, que precisa ser adequada ao século XXI, e não ficar com resquícios da metade do século XX”, afirmou Lula a uma platéia de empresários e dirigentes sindicais. A reforma Sindical foi elaborada no Fórum Nacional do Trabalho, âmbito que reúne representantes do governo, empresários e a cúpula das centrais sindicais. Entre 2003 e 2004, o FNT elaborou um projeto de reforma que concentra o poder de decisão nas negociações e os recursos do imposto sindical às cúpulas das centrais, além de introduzir a retirada dos direitos trabalhistas, como o direito à greve.

Prioridade em 2007
Enviada ao Congresso em março de 2005, a reforma Sindical ficou parada devido à paralisia do governo diante da enxurrada de denúncias de corrupção em que se afundou em 2005. Agora, Lula afirma que as reformas são as prioridades absolutas para 2007. No dia 2 de março, o presidente já havia afirmado à revista britânica The Economist que as reformas Sindical e Trabalhista são os objetivos do próximo ano. “Queremos facilitar para uma companhia contratar um trabalhador, reduzir os obstáculos envolvidos na contratação”, afirmou Lula à principal publicação que orienta os investidores internacionais.

Não é apenas Lula que deseja retirar os direitos trabalhistas para tornar o Brasil ainda mais rentável às multinacionais. O candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, em entrevista à revista semanal Istoé, deixou bem claro quais os seus planos caso seja eleito. “Se for eleito, no primeiro dia todas as reformas estarão prontas no Congresso: Tributária, Trabalhista, Política, Previdenciária”, afirmou o tucano.

Arrocho continua, FMI agradece
A política de arrocho para os próximos anos continua, independente do PT ou PSDB/PFL ser eleito. Na semana em que Guido Mantega tomou posse como ministro da Fazenda anunciando a continuidade da política levada por Palocci, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, divulgou que a meta de Superávit Primário (economia que o governo faz para pagar a dívida pública aos especuladores) continua a mesma para 2007 e 2008. Na Lei de Diretrizes Orçamentárias que orientará o orçamento do próximo ano, o governo estabelecerá a meta de 4,25% de superávit, indicando a mesma meta para 2008.

Nessa mesma semana, em plena reunião do BID, o diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Anoop Singh, derramou elogios à política econômica do governo Lula e ao seu novo ministro, Guido Mantega, reafirmando o “apoio” do fundo ao governo.

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