No primeiro dia, operários da construção civil param canteiros na cidadeNesta terça-feira, dia 22 de abril, Fortaleza foi palco de uma das greves mais radicalizadas dos trabalhadores da construção civil dos últimos anos. Segundo Zé Batista, diretor do sindicato da construção civil e militante do PSTU, “mais de cinco mil trabalhadores paralisaram Fortaleza no bairro mais nobre da capital”, construindo piquetes massivos e garantindo que nenhum bloqueio patronal iria impedir a greve. Aonde houve recusa dos engenheiros em permitir que os operários deixassem as obras para se juntar aos protestos, os trabalhadores e o piquete garantiram a paralisação na marra.

Fortaleza, um dos principais pontos turísticos do Nordeste brasileiro, é também a terra da especulação imobiliária com prédios luxuosos e shopping centers brotando seja no litoral, formando verdadeiros paredões na orla, seja nas áreas de mangue, como na torre empresarial do grupo do senador tucano Tasso Jereissati. Com o recente crescimento da economia e com a liberação das verbas do PAC, não param de surgir canteiros de obra na cidade. Com o crescimento do número de obras, também não pára de crescer o lucro dos empresários da construção civil, acompanhado muito de perto pela superexploração dos trabalhadores. Mas embora os lucros sejam escandalosos, os empresários não estão dispostos a abrir mão da mínima parcela que seja, oferecendo o mísero reajuste de 5,95% enquanto a categoria pede 15%, o fim do trabalho aos sábados, plano de saúde e cesta básica.

É esse quadro que justifica a adesão massiva e a radicalidade dos trabalhadores da categoria. Fábio José, dirigente do PSTU, destacou que o primeiro dia da greve do peão tem muitos elementos importantes que devem ser considerados como por exemplo “a retomada da luta operária” na cidade, afirmando ainda que “não se deve descontextualizar essa luta da série de lutas que tem acontecido no Brasil, em defesa dos direitos, como o caso da GM de São José dos Campos, aqui os trabalhadores tem que fazer cada vez mais hora extra para poder garantir as condições mais elementares de vida da sua família”.

A greve do peão ocorre colada ao processo de reorganização do movimento de massas, tendo recebido o apoio imprescindível dos sindicatos ligados à Conlutas, em especial o da confecção feminina, e deve potencializar a construção de um ato de Primeiro de Maio classista na cidade. Magela, que é coordenador geral do sindicato dos trabalhadores e também militante do PSTU, afirmou que “vamos sair dessa greve fortalecidos para um Congresso da Conlutas vitorioso, junto com a base da nossa categoria, e também partimos para um primeiro de maio vitorioso, classista, um primeiro de maio de luta nessa cidade”.

Apesar da força da categoria, é fundamental a solidariedade de todos os sindicatos e ativistas do país à greve do peão em Fortaleza. A vitória da luta dos operários da construção civil servirá de exemplo para as demais lutas que estão por vir. Moções de solidariedade e apoio devem ser encaminhadas para [email protected].