O Plebiscito Popular sobre a anulação do leilão de privatização da Vale do Rio Doce conseguiu milhões de votos em todo o país, trazendo à tona não só o debate sobre as privatizações, mas também sobre o pagamento da dívida pública, as altas tarifas de energia e a reforma da Previdência. A votação consistiu num verdadeiro trabalho de base de conscientização contra a política econômica neoliberal levada a cabo por esse governo, envolvendo as categorias e a população em geral.

O boicote sistemático da CUT e da UNE não impediu que a votação fosse massiva. Embora a apuração esteja só começando e deve demandar tempo até a centralização dos votos de todas regiões, as informações que chegam dão conta da enorme participação dos trabalhadores e da população na campanha. Uma prova de que as direções governistas não conseguem mais barrar a luta contra o governo.

Veja, a seguir, exemplos de como foi a votação na base de algumas categorias.

Volta Redonda
Os metalúrgicos da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) compareceram às urnas e disseram “não” à política neoliberal de Lula. Ao todo, cerca de 2.500 operários da empresa votaram. Infelizmente, a direção majoritária do sindicato, ligada à CSC, pouco mobilizou para o plebiscito. A Conlutas esteve à frente da votação, discutindo ativamente com os operários e conseguindo a grande maioria dos votos.

A Conlutas também realizou a votação em outras categorias e cidades da região, como Barra do Piraí, Barra Mansa e Valença, envolvendo professores, juventude e sem-teto.

Rio de Janeiro
Os professores da rede municipal e estadual também se mobilizaram para a realização do plebiscito, incorporando a votação em suas campanhas salariais. Os professores municipais realizaram uma assembléia onde decidiram greve e, de lá, já saíram munidos de urnas para realizarem a votação nas escolas.

São José dos Campos (SP)
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e a Conlutas estiveram à frente da campanha, coletando milhares de votos entre os operários e a população. Foram contabilizados até agora cerca de 20 mil votos, sendo 5.237 apenas entre os metalúrgicos. Em fábricas como Eaton, Avibrás e Gerdau, praticamente 50% dos trabalhadores votaram, assim como na Ambev. Na região, ainda falta contabilizar os votos de Guaratinguetá, da ocupação do Pinheirinho e da base do sindicato dos químicos. O total de votantes deve chegar a 26 mil.

Santa Catarina
A votação do plebiscito ocorreu em praticamente todas as regiões do estado, envolvendo entidades e movimentos como a Conlutas, Pastorais Sociais, MST e a Via Campesina. A pressão da base fez com que a CUT se dividisse, forçando parte de seus sindicatos a realizar o plebiscito com as quatro perguntas. O Sinte, entidade dos trabalhadores da educação, maior sindicato do estado, colocou urnas em mais de 500 escolas.

Além disso, o sindicato realizou a campanha entre a população, publicando artigos em jornais e coletando votos em locais públicos. No principal terminal de ônibus de Florianópolis, a entidade arrecadou cerca de 10 mil votos. Os organizadores do plebiscito acreditam que o número de votos possa chegar a 300 mil. O próximo passo é o dia 25 de setembro, dia nacional de lutas. Os professores, servidores da saúde e da segurança pública realizam assembléias estaduais. Para o dia 24 de outubro, o objetivo da Conlutas estadual é levar pelo menos seis ônibus a Brasília.

São Paulo (SP)
Na capital paulista, o grande destaque ficou por conta dos professores da rede estadual de ensino. Embora a direção majoritária da Apeoesp, capitaneada pela Articulação, tenha dado as costas para o plebiscito, a Oposição Alternativa mobilizou a categoria para a votação. A Alternativa e a Conlutas cumpriram um papel fundamental, realizando debates nas escolas e envolvendo as comunidades na discussão sobre os temas do plebiscito.

Só na região Oeste/Lapa, mais de 10 mil pessoas votaram. A apuração ocorreu em 50 locais da região. A votação nos demais locais ainda está sendo contabilizada e a apuração deve se estender ao decorrer da semana. Os professores, evidentemente, votaram contra a privatização da Vale, e 100% da categoria votou contra a reforma da Previdência.
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